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terça-feira, 28 de junho de 2022

Jurassic World Domínio

Mais um filme da longa e milionária franquia Jurassic Park. Interessante que essa franquia não parece perder sua capacidade de atrair público ao cinema, uma vez que esse filme já é considerado um dos grandes sucessos de bilheteria deste ano, sendo o único até o momento que conseguiu tirar Top Gun Maverick da primeira posição entre os filmes mais vistos nos Estados Unidos. Para não soar tão repetitivo e ao mesmo tempo manter uma linha de identidade com os filmes anteriores, o roteiro procurou introduzir novos personagens, ao mesmo tempo em que resgatou personagens dos velhos filmes. E aqui eu pude perceber um certo problema, uma vez que, se formos analisar bem, o filme tem muitos personagens centrais, a ponto de deixar claro aqui nessa resenha de que há no mínimo dez personagens de interesse nessa história. O resultado de tanta gente para o espectador prestar atenção é que o roteiro ficou um pouco diluído, deixando o mais importante um pouco de lado. O mais importante, claro, são os dinossauros, são eles em minha opinião que levam tanta gente ao cinema mesmo após tantos anos do lançamento do filme original.

E o que podemos falar dos Dinos? Eles estão novamente em grande número no filme e pela primeira vez estão em uma situação inédita, soltos no mundo, em praticamente todos os lugares do planeta. O grande destaque vem do dinossauro argentino conhecido como Giganotossauro, o maior carnívoro que que já andou na face da Terra. Os roteiristas tentaram assim destronar o grande e conhecido Tiranossauro Rex, o dinossauro mais famoso que se tem notícia na história da paleontologia. Será que conseguiram mesmo? Bom, você vai ter que assistir ao filme para conferir. Por fim uma observação curiosa, esse filme traz o roteiro mais ecologicamente correto de todos os filmes dessa franquia. O cuidado do discurso ecológico vai ao ponto de preservar os próprios dinossauros na história. Perceba que nenhum deles é morto por humanos no enredo. E se você ainda tiver alguma dúvida sobre esse aspecto preste atenção à mensagem final do filme, onde nos é ensinado que todas as formas de vida no planeta Terra merecem ser respeitadas. Mais ecológico e muito menos sangrento, esse novo Jurassic Park é um sinal dos novos tempos.

Jurassic World Domínio (Jurassic World Dominion, Estados Unidos, 2022) Direção: Colin Trevorrow / Roteiro: Emily Carmichael, Colin Trevorrow / Elenco: Sam Neill, Laura Dern, Bryce Dallas Howard, Jeff Goldblum / Sinopse: Uma grande corporação de alta tecnologia genética cria experiências que estão mudando geneticamente insetos e dinossauros, colocando em risco a vida no planeta Terra.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 2 de julho de 2020

Coração Selvagem

Título no Brasil: Coração Selvagem
Título Original: Wild at Heart
Ano de Produção: 1990
País: Estados Unidos
Estúdio: PolyGram Filmed Entertainment
Direção: David Lynch
Roteiro: David Lynch
Elenco: Nicolas Cage, Laura Dern, Willem Dafoe, Diane Ladd, Isabella Rossellini, Harry Dean Stanton

Sinopse:
Baseado no romance escrito por Barry Gifford, o filme "Coração Selvagem" conta a história do casal formado por Sailor Ripley (Nicolas Cage) e Lula (Laura Dern). A mãe odeia o namorado da filha Lula e contrata os tipos mais bizarros para matar Sailor. Filme indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro na categoria de melhor atriz coadjuvante (Diane Ladd). Também indicado ao Oscar nas categorias de melhor ator coadjuvante (Willem Dafoe), melhores efeitos sonoros e melhor trilha sonora incidental (Angelo Badalamenti). Filme premiado no Cannes Film Festival.

Comentários:
Como diria um amigo, esse é do tempo em que os filmes de Nicolas Cage eram bons. Imagine nos dias de hoje um filme estrelado pelo Cage sendo premiado em Cannes! Não tem a menor chance disso acontecer. Pois é, nessa criação de David Lynch (ele dirigiu e assinou o roteiro do filme) somos convidados a conhecer o lado mais kitsch e brega de uma América decadente, onde os antigos valores morais já não significavam nada. A bela jovem do passado hoje namora um cara doidão. A mãe contrata assassinos profissionais para dar cabo do tal sujeito e a moralidade e a suposa ética do povo americano desce pelo ralo. O curioso é que David Lynch sempre quis mostrar com esse filme o lado mais brega dos Estados Unidos, inclusive no que se tratava de figurinos, maquiagens, etc. Tanto que ele pegou atrizes que eram símbolos sexuais na época, como Isabella Rossellini, e as enfeiou com tintas baratas de cabelos loiros, etc. Claro que tudo isso resultou em um desfile de breguice, o que deu um charme a mais ao filme. Por fim cabe elogiar ainda a trilha sonora incidental composta por Angelo Badalamenti. Os temas se tornaram até mesmo sucessos nas rádios da época. Basta ouvir que você reconhecerá as músicas imediatamente.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 21 de maio de 2020

Veludo Azul

Título no Brasil: Veludo Azul
Título Original: Blue Velvet
Ano de Produção: 1986
País: Estados Unidos
Estúdio: De Laurentiis Entertainment Group
Direção: David Lynch
Roteiro: David Lynch
Elenco: Isabella Rossellini, Kyle MacLachlan, Dennis Hopper, Laura Dern, Hope Lange, Dean Stockwell

Sinopse:
O jovem Jeffrey Beaumont (Kyle MacLachlan) encontra uma orelha decepada em um jardim. Em busca de respostas ele acaba caindo no lado mais obscuro de sua cidade, onde convivem estranhas pessoas como a cantora Dorothy Vallens (Isabella Rossellini) e o viciado perigoso Frank Booth (Dennis Hopper). Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor direção (David Lynch). 

Comentários:
Nunca foi a intenção do diretor David Lynch fazer um cinema convencional, dentro dos padrões. Pelo contrário, ele sempre preferiu o lado estranho e bizarro do mundo. Seus filmes, seus roteiros, rejeitam o normal, o comum. Esse "Veludo Azul" segue sendo um exemplo perfeito do tipo de cinema que ele sempre procurou fazer. E é também uma amostra da qualidade cinematográfica que ele atingiu em sua carreira. Em termos gerais é um filme de complicada definição. Na época de seu lançamento original muitos críticos afirmaram que era um tipo de novo cinema noir, utilizando a estética dos anos 40 em um cinema atual. Sim, há elementos noir nesse roteiro, inclusive ambientação, clima, etc, porém o estilo de David Lynch também é bem peculiar e singular, nada comparado com essa antiga escola cinematográfica. O saldo final é muito interessante. O espectador comum vai achar tudo meio estranho, com aspectos que não fazem muito sentido. O cinéfilo mais veterano por outro lado vai bater palmas para a coragem de Lynch, que aqui ousou sair do lugar comum, do banal e saturado cinema comercial americano.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 2 de abril de 2020

Uma Lição de Amor

Título no Brasil: Uma Lição de Amor
Título Original: I Am Sam
Ano de Produção: 2001
País: Estados Unidos
Estúdio: New Line Cinema
Direção: Jessie Nelson
Roteiro: Kristine Johnson, Jessie Nelson
Elenco: Sean Penn, Michelle Pfeiffer, Dakota Fanning, Dianne Wiest, Laura Dern, Richard Schiff

Sinopse:
Sam Dawson (Sean Penn) é um homem com deficiência mental que luta pela custódia de sua filha de 7 anos Lucy (Dakota Fanning) e, nesse processo, ensina para sua advogada Rita (Michelle Pfeiffer) o valor do amor e da família. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Ator (Sean Penn).

Comentários:
Belo filme, bem humano, com um tema importante. O roteiro tenta responder a uma questão crucial: Poderia um homem com problemas mentais ser o responsável pela criação de uma filha de sete anos de idade? Pai amoroso, mas com esse problema de saúde, estaria ele habilitado para isso? O ator Sean Penn aqui realizou seu melhor trabalho no cinema como ator. De fato ele surpreende em sua interpretação, porém quase é ofuscado pela pequena Dakota Fanning, ainda bem criança, dando show, falando perfeitamente seus diálogos, numa atuação de se admirar e bater palmas. E o trio principal do elenco se completa com a bela Michelle Pfeiffer, interpretando a advogada que tenta vencer uma causa que pela letra fria da lei seria simplesmente impossível de ganhar. De quebra o filme dá uma bela lição de amor entre pai e filha, apesar das óbvias limitações dele. E se todos esses elementos ainda lhe parecem pouco interessantes, que tal uma trilha sonora inteira com clássicos dos Beatles? Nada mal, não é mesmo? Assim indico esse belo filme para um público mais sensível e poético.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 4 de março de 2020

Adoráveis Mulheres

Dos nove filmes que concorreram ao Oscar de Melhor Filme desse ano, esse era o último que faltava assistir em minha lista. É mais uma adaptação do famoso livro "Little Women" da escritora Louisa May Alcott. Nem preciso dizer que é um clássico absoluto da literatura. Já havia assistido a outras versões, inclusive ao bom filme feito nos anos 1990, mas devo dizer que realmente essa é a melhor adaptação já feita para o cinema. O roteiro é muito bem escrito, estruturado de uma forma que passado e presente convivem muito bem. E tudo é tão ágil que faz com que o filme se desenvolva de forma excepcional. Você nem perceberá as duas horas de duração do filme passando.

A história conta a vida de quatro jovens irmãs durante a guerra civil americana. Os homens foram para o campo de batalha, inclusive o pai das meninas. Elas então precisam sobreviver naqueles tempos duros, mas sem perder a graça e a felicidade da juventude que possuem. É um tempo para se tornarem mulheres felizes.

Cada uma delas tem sua própria personalidade, muito bem construída pelo roteiro. Jo (Saoirse Ronan) é a mais inteligente e sagaz. Ela quer ser escritora e começa a vender seus contos para um jornal local. Sua independência e forte personalidade a torna imune aos conceitos e caminhos que uma mulher da época precisava seguir. Ela não pensa em casamento e quer ter uma vida livre. Meg (Emma Watson) é a mais tradicional. Adora vestidos e bailes e planeja arranjar um bom casamento em seu futuro. É a mais bonita e promissora entre as irmãs. Amy (Florence Pugh) quer ser pintora. É uma garota bonita, também com personalidade explosiva. Para a tia é a única que pode se salvar, arranjando um casamento com um homem rico. Por fim há a tímida Beth (Eliza Scanlen), Pianista talentosa, terá o destino mais trágico entre as irmãs.

O filme, como não poderia deixar de ser, é uma delícia de se assistir. As jovens atrizes "duelam" entre si (no bom sentido, claro). Quem se sai melhor é justamente Saoirse Ronan. Eu já sabia que ela iria ofuscar suas colegas de elenco. Muito talentosa, já demonstrava que era excelente atriz quando era apenas uma garotinha de olhos grandes. Curiosamente Emma Watson não se destaca. Ela até pode ser uma celebridade e a mais famosa entre as garotas, mas aqui, no quesito puramente de atuação, ela fica até bem apagadinha. Ser celebridade e ser uma grande atriz são coisas diversas. Quem me surpreendeu foi a inglesa Florence Pugh. Dona de uma dicção perfeita (assista o filme legendado) ela tem as melhores cenas ao lado da grande Meryl Streep, que faz o papel de sua tia conservadora. Enfim, um filme realmente ótimo. Um dos melhores do ano. Aqui sim, tivemos uma indicação mais do que merecida.

Adoráveis Mulheres (Little Women, Estados Unidos, 2019) Direção: Greta Gerwig / Roteiro: Greta Gerwig, baseada no romance escrito por Louisa May Alcott / Elenco: Saoirse Ronan, Emma Watson, Florence Pugh, Eliza Scanlen, Laura Dern, Meryl Streep, Timothée Chalamet, Bob Odenkirk, Tracy Letts / Sinopse: Durante a guerra civil americana, quatro jovens vão tentando levar uma vida normal, dentro da medida do possível, tentando realizar seus sonhos, procurando o amor em suas vidas. Filme Vencedor do Oscar na categoria de Melhor Figurino (Jacqueline Durran). Indicado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Atriz (Saoirse Ronan), Melhor Atriz Coadjuvante (Florence Pugh), Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Trilha Sonora Original (Alexandre Desplat).

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Globo de Ouro 2020

Tradicionalmente se diz que o Globo de Ouro é a prévia do Oscar. Bom, se isso se confirmar esse ano teremos algumas surpresas na premiação da Academia. Isso porque o filme vencedor da noite, na principal categoria de Melhor Filme - Drama, foi "1917" de Sam Mendes. Levou também o cobiçado prêmio de Melhor Direção. Quem estava esperando por isso? Praticamente ninguém. Até porque o filme nem havia estreado nos Estados Unidos ainda. Todos estavam esperando pela consagração de "O Irlandês", mas o filme de Scorsese decepcionou completamente na noite. Em termos de Globo de Ouro todo o seu elenco e equipe ficaram a ver navios. Robert De Niro ficou visivelmente aborrecido com isso tudo. O que não causou surpresa nenhuma (e assim espero que seja repetido no Oscar) foi a premiação de Joaquin Phoenix por "Coringa". Merecido demais. Mesmo competindo com outros gênios da atuação (Jonathan Pryce, por "Dois Papas" era o segundo mais cotado), não houve como deixar de premia-lo. Ele está excepcional no filme inspirado no vilão da DC Comics. Aliás que não façam uma continuação porque com um filme como esse não há a menor necessidade. É uma obra-prima cinematográfica.

Na categoria ator coadjuvante (que estava mais acirrada do que a de ator principal) o premiado foi Brad Pitt por "Era uma Vez em… Hollywood". Não era o meu preferido, mas não fiquei chateado por sua premiação. Ele está de fato muito bem no filme de Tarantino. Pelo visto dar uma surra em Bruce Lee foi um negócio e tanto para ele. O ator, que só havia sido premiado antes por "Doze Macacos" ficou claramente tocado pela premiação. Até se viu pedindo desculpas aos demais concorrentes que ele chamou de "Deuses da atuação". O bom e velho Pitt merece, tenho que dizer.

E por falar em Quentin Tarantino ele levou prêmios importantes na noite. O Globo de Ouro de Melhor Roteiro prova mais uma vez que o diretor é mesmo o rei das referências da cultura pop. Seu filme aliás é mais um exemplo disso. Só achei que deixaram de dizer algumas palavras em memória da atriz Sharon Tate. Ela não foi lembrada nos discursos e nem nas entrevistas. Furo complicado de entender. Russell Crowe foi premiado por "The Loudest Voice", porém ele não compareceu na cerimônia. O ator está na Austrália, tentando ajudar no desastre natural que se abate sobre seu país. Mandou um texto de conscientização sobre as mudanças climáticas globais. Foi algo bem conveniente.

Em termos de atrizes também surgiram surpresas.  Renée Zellweger venceu por "Judy – Muito Além do Arco-Íris". É uma espécie de retorno após uma fase muito ruim na carreira e na vida pessoal. Achei sua aparência bem melhor. Ela passou por uma série de cirurgias de reconstrução de seu antigo rosto e os resultados ficaram bons. Não é a mesma loirinha do passado, mas pelo menos agora podemos reconhecer ela de novo! Laura Dern foi também premiada como atriz coadjuvante por "História de um Casamento". Ela interpretou a advogada da esposa no filme. Essa produção também derrapou feio na premiação. E era o segundo filme favorito da noite, ao lado de Scorsese. Por fim tivemos homenagens a Tom Hanks (um sujeito muito bacana, com uma filmografia espetacular) e Ellen DeGeneres (que sempre considerei muito forçada e sem graça). Assim tivemos uma noite de erros e acertos. Nada muito diferente do que acontece também no Oscar.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

História de um Casamento

Para surpresa de muitos, esse filme acabou sendo o campeão em indicações no Globo de Ouro desse ano. E como esse prêmio é uma espécie de prévia do próprio Oscar é bem provável que ele também receba uma chuva de indicações para concorrer na grande noite do cinema. Penso que o roteiro, mais focado nas relações humanas, foi o grande diferencial. A própria Academia anda cansada de filmes cheios de efeitos visuais e pouco coração, pouco sentimento. Assim essa produção, com estilo de filme antigo, lá da década de 1970, acabou conquistando a simpatia de grande parte da crítica dos Estados Unidos. Curiosamente seu título é um pouco equivocado. Seria mais fiel ao que se vê na tela se o filme se chamasse "A História do fim de um casamento", porque é exatamente disso que se trata. Quando o filme começa já encontramos o casal formado por Charlie (Adam Driver) e Nicole (Scarlett Johansson) em plena crise. Eles estão se consultando com um daqueles especialistas em reconciliação conjugal, algo que no final acaba não dando certo. O caminho então passa a ser o divórcio. Inicialmente eles concordam em partir para um divórcio amigável, sem advogados, tudo feito na base da amizade que ainda os une. Além disso há um filho em jogo, uma criança que não precisa pagar pelos erros dos pais. O melhor divórcio é aquele feito de forma pacífica, nisso todos parecem concordar.

Só que esse começo amistoso dura pouco. Logo ela contrata uma advogada especialista em divórcios, uma profissional que vai tentar arrancar tudo do ex-marido. E esse, se vendo pressionado contra a parede, parte para o contra-ataque, contratando um advogado ainda mais combativo. E aí, o que era para ser algo feito sem traumas, acaba virando uma guerra, com acusações vindas de todos os lados, brigas e ressentimentos. Mostra bem a metamorfose que costuma acontecer com casais em processo de divórcio, onde os antigos amantes acabam se transformando nos piores inimigos. Bem escrito, com roteiro bem estruturado e um elenco de primeira, o filme inegavelmente agrada. Agora, teria mesmo condições de angariar tantas indicações? Olha, isso é mais sintoma de um cinema atual em crise de originalidade do que qualquer outra coisa. Basta surgir um filme mais inteligente, mais dramático, para causar maior impacto. É um sinal dos tempos em que vivemos.

História de um Casamento (Marriage Story, Estados Unidos, 2019) Direção: Noah Baumbach / Roteiro: Noah Baumbach / Elenco: Adam Driver, Scarlett Johansson, Laura Dern, Ray Liotta, Alan Alda / Sinopse: Casal formado por um atriz e um diretor de teatro de Nova Iorque começa a enfrentar a barra de ter que lidar com um divórcio. Além do custo emocional surgem também inúmeros problemas financeiros para superar essa fase de grandes transtornos pessoais. Filme indicado ao Globo de Ouro em diversas categorias, entre elas Melhor Atriz (Scarlett Johansson), Melhor Ator (Adam Driver), Melhor Roteiro e Melhor Filme - Drama.

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 10 de setembro de 2019

O Conto

Título no Brasil: O Conto
Título Original: The Tale
Ano de Produção: 2018
País: Estados Unidos
Estúdio: HBO Films
Direção: Jennifer Fox
Roteiro: Jennifer Fox
Elenco: Laura Dern, Isabelle Nélisse, Ellen Burstyn, Elizabeth Debicki, Jason Ritter, Common

Sinopse:
Jennifer (Laura Dern) é uma professora universitária, prestes a completar 50 anos de idade, que precisa lidar com um pesado trauma do passado. Quando ela tinha apenas 13 anos foi vítima de um pedófilo, um professor de educação física que a seduziu. Filme baseado em fatos reais.

Comentários:
O tema do filme é pesado. Envolve pedofilia e trauma psicológico. A ótima atriz Laura Dern interpreta a história da própria diretora do filme, Jennifer Fox, que resolveu escrever o roteiro baseado no abuso sexual que sofreu de um pedófilo quando ainda era menor de idade. O filme tem uma narrativa bem inteligente, trazendo vários momentos do passado da protagonista, isso feito de uma maneira bem original. Para se ter uma ideia a Jennifer adulta muitas vezes dialoga com a Jenny adolescente. Essa escreveu todas as experiências em um conto na escola. Anos depois sua mãe tem acesso ao material e fica chocada com o que lê, descobrindo finalmente que seu próprio professor a seduziu quando ela era ainda uma garotinha. E tudo aconteceu em um haras onde a filha foi aprender a cavalgar pois seu pai tinha lhe comprado um cavalo. É a velha história, com o mesmo modus operandi. O pedófilo se aproveita da ingenuidade da vitima, faz declarações de amor, a seduz, tenta ganhar a confiança da família e depois comete seus crimes. Chegou até mesmo a me lembrar daquele documentário recente sobre o Michael Jackson chamado "Leaving Neverland", pois em ambos os casos os acusados agiram da mesma maneira. Enfim, filme forte, mas ao meu ver necessário, principalmente para os pais. É bem didático em mostrar como um pedófilo poderá agir em relação aos seus filhos.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 9 de maio de 2019

Vingança a Sangue-Frio

Esse filme é um remake de uma produção sueca chamada "O Cidadão do Ano", que inclusive já comentei aqui no blog. Os americanos remodelaram um pouco seu roteiro, acrescentando inclusive coisas novas, mas a espinha dorsal da história segue sendo basicamente a mesma. O ator Liam Neeson interpreta um trabalhador comum, homem honesto, que ganha a vida limpando as rodovias da neve que cai na região. Um dia ele é informado de uma tragédia. Seu único filho é encontrado morto. A polícia diz que ele sofreu uma overdose de heroína, mas obviamente isso não condiz com a verdade. O velho pai sai para investigar sozinho e descobre que o filho na verdade foi morto por traficantes que o confundiram com outro rapaz de sua idade. Então basicamente o filme vira um conto de vingança, com o personagem de Liam Neeson fazendo justiça com as próprias mãos.

Seria apenas mais um filme com esse temática batida se o roteiro não optasse por também trazer pitadas de humor negro nas cenas. Após cada bandido morto surgem cruzes sinalizando a passagem do sujeito dessa para melhor. Só que as mortes simplesmente não param e tudo fica sadicamente engraçado! O filme original se passava em um lugar inóspito, no norte da Suécia, com muito gelo e nevascas. Mesmo a história sendo agora ambientada nos Estados Unidos o diretor Hans Petter Moland decidiu manter a mesma ambientação. Acertou em cheio já que o enredo pede mesmo por uma certa desolação, um certo sentimento de perda e desilusão e todo aquele deserto branco cai muito bem na forma como o protagonista passa a se comportar, se tornando exatamente isso, um assassino de sangue-frio, algo nada condizente com seu título recém conquistado de o cidadão do ano na pequena cidade nevada. Por fim uma dica para quem curte séries. No papel de uma policial surge a atriz  Emmy Rossum que interpreta a Fiona em "Shameless". Não deixa de ser um atrativo a mais para quem quiser conferir esse novo filme de ação estrelado pelo Liam Neeson.

Vingança a Sangue-Frio (Cold Pursuit, Estados Unidos, 2019) Direção: Hans Petter Moland / Roteiro: Frank Baldwin, Kim Fupz Aakeson, baseados no roteiro original do filme "O Cidadão do Ano" ('Kraftidioten', Suécia, 2014) / Elenco: Liam Neeson, Laura Dern, Micheál Richardson, Emmy Rossum, Tom Bateman / Sinopse: Após a morte de seu filho, o pai, homem honesto e trabalhador, decide descobrir por conta própria o que realmente aconteceu. Acaba descobrindo que o filho foi morto por engano por traficantes de drogas. Assim parte para sua vingança pessoal.

Pablo Aluísio.

domingo, 4 de março de 2018

Star Wars: Os Últimos Jedi

O segredo para se fazer um bom filme com a marca "Star Wars" é relativamente simples de descobrir. Basta colocar um enredo sem muitas complicações pela frente, muitas naves espaciais bacanas, efeitos especiais de última geração e o mais importante de tudo: revisitar sempre que possível a primeira trilogia da franquia, seja trazendo de volta personagens veteranos, seja copiando a direção de arte e o espírito daqueles primeiros filmes. Uma vez feito isso tudo caminha naturalmente bem. A segunda trilogia só deve servir como elemento a se distanciar, um exemplo negativo que não deve ser seguido e nada mais. Assim os produtores acertaram mais uma vez nesse oitavo episódio. Seguindo a fórmula tudo saiu muito bem, como era esperado. O enredo é dos mais simples com duas linhas narrativas. Na primeira acompanhamos os últimos rebeldes tentando fugir da armada imperial. É algo complicado, ainda mais agora que as naves do império conseguem perseguir as naves rebeldes até mesmo dentro da velocidade da luz.

Na outra linha narrativa temos a aproximação entre a jovem que tem pretensões de um dia se tornar uma Jedi e o mestre Luke Skywalker (Mark Hamill). Tudo se passando em uma pequena ilha de um planeta distante. Essa parte do filme remete o espectador imediatamente ao filme "O Império Contra-ataca" quando o próprio Luke tem seu treinamento inicial com o mestre Yoda. É uma parte referencial do roteiro que funcionou muito bem. Esse novo "Star Wars" aliás deu certo porque não quiseram enrolar ou complicar uma fórmula que nasceu nos anos 70 e que continua dando muito certo. Houve algumas críticas pontuais principalmente em relação ao comportamento de Luke, que aqui surge sem esperanças, melancólico e para alguns até mesmo tendo atitudes covardes. Até o ator Mark Hamill reclamou publicamente disso, mas penso que tudo cai por terra quando Luke resolve enfrentar as tropas do império na frente do grande portão do esconderijo dos rebeldes naquele planeta minerador. No mais o filme se saiu muito bem em termos de público e crítica. O filme já rompeu a barreira do bilhão de dólares em termos de faturamento e a crítica em geral elogiou muito. Sem maiores máculas ou defeitos, é um filme realmente muito bom, que não desmerece em nada a marca bilionária "Star Wars". Parabéns para a Disney pelo resultado final.

Star Wars: Os Últimos Jedi (Star Wars: Episode VIII - The Last Jedi, Estados Unidos, 2017) Direção: Rian Johnson / Roteiro: Rian Johnson / Elenco: Mark Hamill, Carrie Fisher, Daisy Ridley, Benicio Del Toro, Laura Dern, John Boyega, Adam Driver, Andy Serkis, Anthony Daniels, Frank Oz, / Sinopse: Oitavo episódio de "Star Wars". Enquanto a princesa Leia (Fisher) tenta comandar uma fuga com os últimos rebeldes pelo espaço, a jovem Rey ( Ridley) se encontra com o mestre Jedi Luke (Hamill) em um distante e isolado planeta da galáxia. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhores Efeitos Especiais, Melhor Edição de Som, Melhor Mixagem de Som e Melhor Trilha Sonora Original (John Williams).

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

O Céu de Outubro

Título no Brasil: O Céu de Outubro
Título Original: October Sky
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Joe Johnston
Roteiro: Lewis Colick
Elenco: Jake Gyllenhaal, Chris Cooper, Laura Dern, Chris Owen, William Lee Scott, Scott Thomas

Sinopse:
Filme baseado em fatos reais. O filho de um mineiro das minas de carvão de sua cidade natal, decide estudar foguetes. Ele fica inspirado após o lançamento do primeiro satélite a ir até o espaço, o Sputnik. Para o adolescente Homer Hickam (Jake Gyllenhaal) essa seria a sua saída para um futuro melhor.

Comentários:
Bom filme que trata a ciência de uma forma bem carinhosa. O protagonista é um jovem sonhador que se une aos seus amigos para soltar foguetes. Tudo seria apenas uma diversão entre os rapazes se não fosse também um sonho, o de um dia se tornar cientista, fugindo do destino de seu pai, um trabalhador comum que se mata nas minas de carvão da região. Como se trata de uma adaptação de uma história real, baseada em um livro de memórias, podemos verificar como tudo soa nostálgico, relembrando os primeiros passos de um jovem que no futuro iria se dedicar à ciência, ao programa espacial americano. É uma espécie de sonho de virar astronauta que se tornou realidade (ou quase isso, bem próximo!). O elenco é todo bom, com atores jovens e bem talentosos. Alguns se tornariam bem famosos, como o próprio Jake Gyllenhaal que demonstrou no filme que talento realmente não tem idade. Boa diversão aliada a história mais do que interessante. Recomendo.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 5 de julho de 2017

Wilson

Esse filme "Wilson" é mais um adaptado dos quadrinhos, só que ao invés de super-heróis salvando o mundo temos aqui um sujeito bem comum... ou quase isso. O desenhista Daniel Clowes, que criou o personagem principal, realmente teve uma grande inspiração. Ele apenas deu vida a um solteirão na faixa dos 40 anos que apenas passeia por sua própria existência, muitas vezes exagerando na sinceridade de seu modo de ser. Sua mulher o abandonou anos atrás, pois era viciada em drogas, e ele ficou sozinho ao lado de sua cadelinha de estimação. Casualmente acaba descobrindo seu local de trabalho e ao reencontrá-la descobre que é pai! Wilson pensava que sua esposa havia abortado, mas ela acabou dando a criança (uma menina) para adoção! Com isso ele vai atrás dela, dando origem a todos os tipos de situações constrangedoras.

O roteiro tem uma certa ternura por seu protagonista, mas sem fugir da realidade de que ele é um tremendo de um esquisitão. A interpretação do ator Woody Harrelson caiu muito bem, já que ele também sempre foi um ator especializado em tipos bizarros e esquisitos. Seu Wilson não é uma pessoa que você queira muito por perto. Ele é sem noção, fala coisas absurdas e na maioria das vezes sua sinceridade sem filtros acaba chocando todo mundo. É aquele tipo de sujeito que muitas vezes fala verdades inconvenientes sem ter maldade nenhuma, apenas por não ter muita noção das coisas e do mundo em que vive. Poderia ser qualificado até mesmo como um portador da síndrome de Asperger... quem sabe... só que obviamente o roteiro não quer transformar nada em drama. É uma comédia para rir dos momentos embaraçosos, e é só!

De maneira em geral gostei do filme e de sua proposta. Não é aquele tipo de filme que vai além, rompendo com todas as barreiras, nada disso. Na verdade se formos analisar bem o que temos aqui é apenas uma comédia sobre um homem excêntrico, fora dos padrões, que no final das contas só quer se encaixar nesses mesmos padrões ditados pela sociedade (como ter um relacionamento convencional, com filhos e uma casa suburbana, etc). Por isso a grande tragicomédia de Wilson é saber que mesmo quando critica as banalidades da sociedade em geral, tudo o que ele mais quer é se enquadrar dentro desses mesmos limites banais. Um filme que faz refletir nesse sentido, embora na superfície seja apenas uma produção levemente divertida para se dar alguns sorrisos nervosos, nascidos do puro constrangimento.

Wilson (Wilson, Estados Unidos, 2017) Direção: Craig Johnson / Roteiro: Daniel Clowes / Elenco: Woody Harrelson, Laura Dern, Isabella Amara / Sinopse: Wilson (Woody Harrelson) é um quarentão meio esquisito que acaba descobrindo que é pai! Anos atrás sua ex-esposa, uma viciada em cocaína, havia lhe dito que tinha abortado da gravidez, mas ela estava mentindo pois deu a filha do casal para adoção. Sem pensar duas vezes Wilson então parte em busca da filha perdida, que ele nem sabia existir até aquele momento.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 12 de junho de 2017

Big Little Lies

Série: Big Little Lies
Ano de Produção: 2017
País: Estados Unidos
Estúdio: HBO
Direção: Jean-Marc Vallée, entre outros
Roteiro: Liane Moriarty, David E. Kelley, entre outros
Elenco: Reese Witherspoon, Nicole Kidman, Shailene Woodley, Alexander Skarsgård, Laura Dern

Episódios Comentados:


Big Little Lies 1.01 - Somebody's Dead
Essa nova série tem um elenco muito bom, acima da média, além de ter sido muito bem recomendada pela crítica. Esse primeiro episódio porém não me convenceu muito. Fiquei com a impressão de estar assistindo a uma versão adulta de "Pretty Little Liars". Saem as adolescentes e entram mulheres mais velhas, donas de casa, mães de famílias. Há um crime - não muito explicado - e durante as investigações um longo flashback é aberto, mostrando as principais envolvidas no assassinato de uma pessoa numa festa (o roteiro não explica muito além disso). Assim voltamos no tempo e encontramos uma série de personagens bem chatas (para dizer o mínimo). Todas parecem ser altamente falsas, frívolas e arrogantes.

A principal que puxa o coro é Madeline Martha Mackenzie (Reese Witherspoon) que fala pelos cotovelos e parece ter amizades (falsas) com todas as mulheres da região. Completam o quadro a recém chegada (e esquisita) Jane Chapman (Shailene Woodley) e a tímida e introvertida Celeste Wright (Nicole Kidman). O ponto alto da "dramaticidade" desse primeiro episódio é uma briguinha de pré-escola envolvendo os filhinhos delas. Muito chato. Certamente eu não faço parte do público que esse tipo de série quer alcançar, pois parece mesmo um novelão Made in USA. Não gostei muito desse primeiro episódio e muito provavelmente não irei acompanhar. Assisti mesmo por mera curiosidade e de fato não apreciei muito o que vi. A palavra chatice parece resumir tudo por aqui. / Big Little Lies 1.01 - Somebody's Dead (Estados Unidos, 2017) Direção: Jean-Marc Vallée / Roteiro: Liane Moriarty, David E. Kelley / Elenco: Reese Witherspoon, Nicole Kidman, Shailene Woodley, Alexander Skarsgård, Laura Dern. 

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Fome de Poder

Dois irmãos do interior decidem fugir da pobreza e da falta de emprego onde moram e se mudam para San Bernardino na Califórnia. No começo eles se dão mal em uma série de pequenas empresas que não dão certo. Então decidem abrir uma lanchonete. Um deles resolve inovar no atendimento, criando um sistema rápido, onde o cliente não ficaria muito tempo esperando por seu lanche. A ideia acabou dando certo e eles denominaram seu empreendimento de McDonald's!

Apesar desse começo promissor os dois irmãos não vão muito longe. A lanchonete, embora muito eficiente, não consegue passar de ser uma pequena pequena empresa familiar onde eles tiram seu sustento. Tudo muda porém com a chegada de Ray Kroc (Michael Keaton). Ele é um vendedor de porta em porta que está tendo dificuldades de vender sua máquina de fazer milk shake. Ray fica impressionado com o método de venda dos irmãos McDonald's  e decide se unir a eles, criando uma rede de franquias que se tornaria mundial e elevaria a marca comercial McDonald's ao patamar de ser uma das maiores do mundo dos negócios.

O enredo desse filme, baseado em fatos reais, é extremamente interessante. É uma história que desconhecia. Não sabia, por exemplo, que a rede mundial de fast food McDonald's tinha tido um começo tão modesto. O roteiro então explora essa metamorfose de uma pequena lanchonete de dois irmãos caipiras a uma potência do ramo de alimentação. A figura central nessa jornada de sucesso absoluto no ramo comercial se deveu e muito a um sujeito meio inescrupuloso, ganancioso e muito esperto. O Ray Kroc interpretado por Michael Keaton é um achado, um dos personagens mais interessantes já explorados pelo cinema nesses últimos anos.

É óbvio que em muitos momentos percebemos um certo malabarismo do filme em tentar esconder as canalhices de Kroc, como por exemplo, quando ele começa a passar a perna nos irmãos McDonald's, mas isso se torna secundário diante das próprias qualidades do filme. A história começa a ser contada em 1954, quando Kroc teve um estalo de que poderia ganhar muito dinheiro com aquele sistema de vendas de comida fast food. Aliás essa expressão seria criada por ele. Um tipo de alimentação rápida, barata e gostosa. Claro que também nada saudável, o que criaria nos Estados Unidos (e no mundo) uma geração de pessoas obesas e doentes. Isso porém nem é discutido no roteiro. Para Kroc o que importava era mesmo os negócios e sob esse ponto de vista ele foi certamente um vencedor. Afinal de contas no mundo do capitalismo selvagem americano o que conta realmente são os lucros milionários, acima de tudo!

Fome de Poder (The Founder, Estados Unidos, 2016) Direção: John Lee Hancock / Roteiro: Robert D. Siegel / Elenco: Michael Keaton, Laura Dern, Patrick Wilson, Nick Offerman, John Carroll Lynch / Sinopse: Ray Kroc (Michael Keaton) é um vendedor de máquinas de milk shake que acaba conhecendo a lanchonete McDonald's, um pequeno estabelecimento comercial que vende lanches. De propriedade de dois irmãos do interior, Kroc então tem a excelente ideia de vender franquias daquele comércio, criando assim uma das maiores redes de alimentação de todo o mundo.

Pablo Aluísio.

sábado, 7 de janeiro de 2017

Dr. T E as Mulheres

O diretor Robert Altman foi um cineasta talentoso, mas também teve sua cota de bobagens em sua filmografia. Afinal ninguém é perfeito nesse mundo. Antes de falecer em 2006 Altman deu essa derrapada ao dirigir esse fútil exercício sobre o nada absoluto chamado "Dr. T & the Women". O filme é bem fraco, com enredo girando em torno de um médico bonitão e metido a conquistador chamado Dr. T. O papel foi dado para Richard Gere que aqui não faz nada muito além do básico, exagerando com seus momentos de canastrice assumida. Ele precisa resolver uma série de problemas envolvendo ex-namoradas, esposas, clientes, filhas, conhecidas, ou seja, tentando superar todas as mulheres que giram em torno de sua vida.

Como Altman bem gostava de fazer, o roteiro é todo no estilo mosaico, com inúmeras estórias acontecendo ao mesmo tempo sem transparecer que elas estejam ligadas de alguma forma. Só no final todas as pontas e linhas se ligam, mostrando que no fundo era um só elo de ligação unindo todos os personagens. No fim de tudo quem salva a produção de afundar completamente é o seu elenco feminino. Fazendo jus ao título do filme as mulheres se destacam, desde as beldades mais jovenzinhas como Tara Reid, Kate Hudson e Liv Tyler, até as mais maduras como Helen Hunt e Farrah Fawcett. Essa última aliás, a famosa pantera loira da popular série de TV nos anos 70, teve um raro momento de destaque no cinema. Sempre achei a Farrah Fawcett bem injustiçada em Hollywood. Talvez por ser uma bela mulher, símbolo sexual, nunca a levaram à sério como atriz dramática. Uma pena. O Altman até tentou lhe dar uma chance aqui, mas como o filme como um todo é bem fraco seus esforços acabaram sendo em vão.

Dr. T E as Mulheres (Dr. T & the Women, Estados Unidos, 2000) Direção: Robert Altman / Roteiro: Anne Rapp / Elenco: Richard Gere, Helen Hunt, Farrah Fawcett, Laura Dern, Shelley Long, Tara Reid,  Kate Hudson, Liv Tyler / Sinopse: Bem sucedido na carreira profissional, o médico Dr. T (Gere) vive uma verdadeira bagunça na sua vida emocional e afetiva. Filme indicado ao Leão de Ouro do Festival de Veneza.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

O Início do Fim

Título no Brasil: O Início do Fim
Título Original: Fat Man and Little Boy
Ano de Produção: 1989
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Roland Joffé
Roteiro: Bruce Robinson
Elenco: Paul Newman, John Cusack, Laura Dern, Dwight Schultz, Bonnie Bedelia, John C. McGinley
  
Sinopse:
Durante a II Guerra Mundial o governo americano dá início ao projeto Manhattan. Vários cientistas brilhantes, entre eles J. Robert Oppenheimer (Dwight Schultz), são reunidos em uma base militar americana no meio do deserto para que se consiga construir uma arma definitiva que acabasse com a própria guerra. Essa seria a maior arma de destruição em massa da história. Para coordenar tudo e comandar os trabalhos o governo indica o General Leslie R. Groves (Paul Newman) que fica com a missão de entregar a primeira bomba atômica em um prazo máximo de um ano. Filme baseado em fatos reais.

Comentários:
Provavelmente seja o melhor filme sobre o projeto Manhattan, só sendo superado em certos aspectos por "Os Senhores do Holocausto". O filme assim narra a construção das primeiras bombas atômicas americanas (apelidadas de Fat Man, o gordo, e Little Boy, o garotinho, que dão origem ao título original do filme). Muitos vão achar o roteiro um pouco parado e monótono, uma vez que o roteiro explora a rotina desse grupo de cientistas em pesquisas e testes no deserto de Nevada, tentando construir a bomba nuclear que os americanos iriam jogar futuramente em cidades japonesas, selando o fim da II Guerra Mundial. Essa visão porém é fora de propósito pois em termos históricos tudo é extremamente interessante. O elenco também tem destaque, a começar pela presença do sempre excelente Paul Newman. Ele interpreta o general que coloca ordem na casa, sendo duro quando necessário. Já John Cusack interpreta um jovem cientista brilhante que foi vital para a construção das armas nucleares, mas que acabou pagando com sua própria vida ao se tornar vítima da radiação das pesquisas que realizava. Sua morte é um dos pontos altos do filme em termos dramáticos. Com excelente produção, elenco e reconstituição histórica, o filme só deixa um pouco a desejar mesmo no que diz respeito ao seu roteiro que evita a todo custo entrar em um debate ético sobre a construção das armas nucleares e tudo o que isso iria significar para o mundo nos anos seguintes.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Os Fugitivos

Baseado em fatos históricos reais, o filme "Lonely Hearts" conta a trajetória de Ray Fernandez (Jared Leto), um patife que ganhava a vida explorando mulheres solitárias e infelizes durante a década de 1930. Usando como isca o classificado dos jornais ele procurava conquistar o coração delas com o objetivo de lhes tirar todo o dinheiro possível. Sua vida criminosa ganha uma reviravolta quando passa a ser acompanhado por sua amante, Martha Beck (Salma Hayek), que finge ser sua irmã para as vítimas. Com ela ao seu lado, Ray ganha uma insuspeita imagem de confiança e respeitabilidade que ele prontamente usa para aumentar o número de potenciais alvos. Quando alguma delas começam a lhe trazer problemas a solução passa a ser o assassinato para encobrir seus rastros. E é justamente no suicídio forjado de uma dessas mulheres que a dupla de detetives formado por Elmer Robinson (Travolta) e Charles Hilderbrandt (James Gandolfini) começa a entender a rede de crimes praticada pelo casal de psicopatas. Para Robinson a solução dos crimes passa a ser algo bem pessoal, uma vez que ele próprio está destruído emocionalmente após o suicídio de sua jovem esposa. Colocar as mãos em Ray e Martha passa a ser uma verdadeira obsessão para ele.

Gostei muito desse filme. Além da trama envolvente, explorando um fato real, a produção procura ser o mais fiel possível aos acontecimentos históricos. Durante os anos de 1937 a 1939 esse casal de assassinos praticou uma série de assassinatos terríveis em diversos estados americanos. Calcula-se que juntos tenham matado mais de vinte mulheres, a grande maioria delas viúvas da guerra ou senhoras mais velhas, solitárias e em busca de um relacionamento sério para preencher o vazio de suas vidas. O roteiro toma certas liberdades em relação a alguns detalhes dos fatos históricos, como por exemplo, transformar a psicopata Martha em uma jovem sensual e bonita (na verdade ela já era uma senhora com problemas de obesidade quando os crimes foram cometidos). Em termos de elenco eu destacaria o trabalho de Jared Leto. Ele está excepcionalmente bem na pele do psicótico Ray. O interessante é que tal como aconteceu na vida real ele também era completamente manipulado por Martha, que conforme escrevi, ganha contornos de exuberância sensual na interpretação de Salma Hayek que além de estar extremamente bela no filme, desfila uma série de elegantes figurinos de época. Entre os tiras o sempre excelente James Gandolfini defende muito bem seu personagem, porém temos que reconhecer que seu parceiro John Travolta já não se sai muito bem, o que é complicado, já que seu policial atormentado é um dos pilares dramáticos do filme como um todo. Travolta não conseguiu expressar a tempestade de emoções que seu papel exigiu. Ao invés de passar um sentimento de depressão, desespero interior e melancolia ao espectador tudo o que ele consegue transmitir é uma eterna expressão de raiva e fúria. Travolta sempre foi um ator limitado, temos que reconhecer. Mesmo assim essa é uma falha menor. O filme como um todo é realmente muito bom, altamente recomendado e resgata a história desses criminosos insanos e violentos que felizmente encontraram finalmente a justiça em uma cadeira elétrica pouco depois de terem cometido seus crimes e atrocidades contra mulheres indefesas e inocentes.

Os Fugitivos (Lonely Hearts, EUA, 2006) Direção: Todd Robinson / Roteiro: Todd Robinson / Elenco: John Travolta, James Gandolfini, Salma Hayek, Jared Leto, Scott Caan, Laura Dern / Sinopse: Um casal de psicopatas começa a procurar suas próximas vítimas usando o serviço de classificados dos jornais. Seu alvo preferido passa a ser mulheres solitárias que tenham algum dinheiro. Quando algumas delas começam a aparecer assassinadas, uma dupla de detetives do departamento de polícia de Nova Iorque entra no caso para prender os criminosos.Filme indicado ao San Sebastián International Film Festival na categoria de Melhor Direção (Todd Robinson).

Pablo Aluísio.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Livre

Filme muito bonito e tocante. A personagem principal se chama Cheryl Strayed (interpretada pela talentosa atriz Reese Witherspoon que inclusive foi indicada ao Oscar por sua atuação). Após o fim de seu casamento e a desesperada tentativa de superação de uma antiga dependência química, além de vários outros problemas em sua vida, ela resolve fazer uma jornada de auto conhecimento, pegando a estrada em direção à rota Pacific Crest. Com uma mochila nas costas ela encara as dificuldades de seguir em frente rumo ao seu objetivo. Nesse processo acaba fazendo uma profunda reflexão sobre si mesma enquanto vai conhecendo pessoas interessantes pelo caminho. A história é baseada em fatos reais e foi contada pela própria autora no livro "Wild: From Lost to Found on the Pacific Crest Trail". Assim com um material rico em mãos foi apenas questão de encontrar os atores certos e um bom roteirista.

Curiosamente foi a própria atriz Reese Witherspoon que acreditou no projeto e praticamente tocou o filme em frente com seus próprios recursos. Ela certamente estava cansada do material que Hollywood lhe vinha oferecendo ano após ano, na maioria das vezes chatinhas comédias românticas que batiam na mesma tecla. Esse filme foi uma tábua de salvação, consagrando aquela máxima de que se você quer algo terá que lutar por isso. O resultado é mais do que agradável. Além dos lindos cenários naturais onde a história se passa o filme conseguiu ainda passar ao espectador todas as angústias, dificuldades e tramas que a personagem principal vive. Nada como a natureza para repensarmos os caminhos que resolvemos seguir em nossa existência. Uma verdadeira lição de vida que vai agradar e emocionar em cheio aquele tipo de público que procura por algo mais profundo em termos de cinema. Ótimo filme.

Livre (Wild, Estados Unidos, 2014) Direção: Jean-Marc Vallée / Roteiro: Nick Hornby, baseado no livro escrito por Cheryl Strayed / Elenco: Reese Witherspoon, Laura Dern, Gaby Hoffmann / Sinopse: Cheryl Strayed (Reese Witherspoon) é uma jovem com muitos problemas pessoais e emocionais que precisa respirar novos ares para repensar sua vida. Seu casamento acabou e ela ainda luta para superar seu vício em heroína. Em busca de uma saída ela coloca uma mochila nas costas e sai pela trilha de Pacific Crest onde conhece novas pessoas e vive experiências inéditas em sua jornada.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 30 de abril de 2015

Livre

Lindo filme! Pelo que já havia lido antes sabia que iria ser uma produção interessante, mas acabou me surpreendendo mais do que o esperado. A história começa sem muitas explicações para o espectador. A personagem Cheryl, interpretada pela atriz Reese Witherspoon, está em um penhasco. Após uma longa e penosa subida até lá, seus pés estão praticamente destruídos pelo esforço. O sangue jorra por suas meias. Em um lance de azar uma de suas botas acaba caindo penhasco abaixo. Ela obviamente perde a pouca paciência que lhe sobrara, tendo um ataque de raiva! Depois dessa cena inicial vamos finalmente entendendo o que ela está fazendo lá e quais são suas reais motivações. Nada é jogado inteiramente ao público, tudo vai surgindo paulatinamente, sem pressa, como se estivéssemos dentro de sua mente, compartilhando seus pensamentos. Através de suas lembranças vamos então conhecendo parte de sua história, suas perdas, suas dores emocionais, seus problemas pessoais. Por ser tão refinada a maneira como esse enredo é contado posso dizer que esse foi até agora o melhor roteiro que me deparei nesse ano. Muito bem escrito, apelando muito mais para o sentimento, para as sensações, do que para aquela velha fórmula convencional de se contar uma história no cinema. A vida definitivamente é dura e para sobrevivermos temos também que sermos durões, como bem observa um dos personagens em determinado momento do filme. Cheryl aliás vai encontrando diversos tipos ao longo de sua caminhada. Algumas boas pessoas, outras perigosas, mas sempre com uma surpresa em cada local em que se encontra. Ela quer chegar ao destino inteira, satisfeita consigo mesmo e o mais importante de tudo: superando seus diversos traumas.

A jornada assim não se resume a uma garota tentando vencer os desafios de atravessar a pé o deserto de Mojave - uma das regiões mais secas e hostis dos Estados Unidos - mas principalmente encontrar-se, conhecer a si mesmo em um nível mais profundo. Diante dessa proposta o resultado final se mostra muito marcante, muito sensível e também bastante inspirador. Reese Witherspoon recebeu diversas indicações por sua atuação em vários festivais de cinema mundo afora. Todas merecidas. A atriz supera finalmente comédias do tipo "Legalmente Loira" e derivados, para finalmente adentrar em um tipo de cinema com mais conteúdo, que tenha algo realmente importante a dizer. Por falar nisso Witherspoon merece não apenas os elogios por sua atuação, mas também pela coragem, pois ela própria se empenhou bastante na realização do filme, inclusive exercendo a função de produtora. Na verdade foi Reese quem comprou os direitos autorais do livro escrito por Cheryl Strayed chamado "Wild: From Lost to Found on the Pacific Crest Trail". Sim, tudo o que você verá no filme foi baseado em uma história real e isso adiciona ainda mais méritos para a produção como um todo. Uma jornada de superação, cuja maior lição é aquela que nos ensina que devemos seguir sempre em frente, não importando os desafios, não procurando apagar completamente o passado de nossas vidas, pois ele também faz parte do que somos, mas sim entendendo e procurando aprender com ele. Afinal de contas a vida é justamente isso, uma longa caminhada rumo ao desconhecido. A forma como você chegará lá é que irá definir se você foi ou não uma pessoa realmente feliz.

Livre (Wild, Estados Unidos, 2014) Direção: Jean-Marc Vallée / Roteiro: Nick Hornby, baseado no livro escrito por Cheryl Strayed / Elenco: Reese Witherspoon, Laura Dern, Gaby Hoffmann / Sinopse: Após a morte de sua mãe e do fim de seu casamento de sete anos, Cheryl Strayed (Reese Witherspoon) resolve fazer a trilha de Pacific Crest, onde pretende avaliar os rumos de sua vida, seus problemas sentimentais e partir em direção a sua paz interior. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Reese Witherspoon) e Melhor Atriz Coadjuvante (Laura Dern). Indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz - Drama (Reese Witherspoon). Também indicado ao BAFTA Awards e ao Screen Actors Guild Awards na mesma categoria. 

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 13 de março de 2015

A Culpa é das Estrelas

Título no Brasil: A Culpa é das Estrelas
Título Original: The Fault in Our Stars
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Josh Boone
Roteiro: Scott Neustadter, Michael H. Weber
Elenco: Shailene Woodley, Ansel Elgort, Nat Wolff, Laura Dern, Willem Dafoe

Sinopse:
Hazel (Shailene Woodley) é uma adolescente que luta desde os 13 anos contra um câncer terminal. Sua vida porém ganha novos contornos quando ela conhece Gus (Ansel Elgort), um jovem que como ela também está passando por esse terrível momento em sua vida. Igualmente lutando contra um câncer que o fez perder parte de sua perna, eles imediatamente se identificam e se apaixonam. O tempo não está a favor do amor de ambos, mas eles decidem viver toda a intensidade de sua paixão até o fim. 

Comentários:
É uma coisa bem antiga, para ser mais exato nasceu no século XVIII. Estou falando do movimento romântico que obviamente surgiu inicialmente na literatura e só muitos anos depois invadiu o cinema. "A Culpa é das Estrelas" tem todos os elementos mais caros ao surgimento do romantismo, jovens apaixonados, na flor da idade, mas à beira da morte, tentando viver um grande amor que sabem ser finito mas que lutarão até o fim por ele. O amor que sentem um pelo outro é do mais puro e verdadeiro que você possa imaginar, sem interesses, sem falsas intenções, apenas o amor, aquele sentimento tão real e verdadeiro que muitas pessoas passarão sem sentir de fato em suas vidas, justamente por ser tão raro e praticamente impossível de encontrar. Existe algo mais romântico do que isso? Muitos críticos chamaram atenção também ao fato de que essa premissa já foi exaustivamente explorada pela sétima arte e não é nenhuma novidade. Tudo isso é verdade, mas querem saber de uma coisa? Ainda funciona muito bem! 

O enredo explorando o amor trágico desses dois adolescentes que estão morrendo de câncer é muito bem realizado, os atores são bem carismáticos e o filme consegue superar tudo - até o risco de se tornar excessivamente meloso - para cativar seu público. Claro que indicaria a produção para um público que esteja de preferência na faixa etária dos personagens, já que muitas vezes a idade traz a desilusão e o cinismo, principalmente para quem de alguma forma se decepcionou com seus relacionamentos amorosos no passado. Para um jovem de 16, 17 anos porém será uma experiência e tanto vivenciar as emoções que esse roteiro passa para sua platéia. Há momentos levemente engraçados, amizade, romance e morte! Muitas pessoas não entenderam ainda que a essência do romantismo é justamente a união desses elementos tão díspares na narrativa de suas estórias. Misture tudo e você terá uma obra romântica por excelência. Os poetas do "Mal do Século" certamente bateriam palmas. Você também gostará, a não ser que tenha um coração de pedra! Ah, e antes que me esqueça, não deixe de levar um lencinho para secar todas as lágrimas.

Pablo Aluísio.