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segunda-feira, 7 de março de 2022

O Beco do Pesadelo

Excelente filme! Esse é um dos candidatos ao Oscar de melhor filme desse ano. Mereceu essa e todas as demais indicações. A história começa em 1938. Stanton Carlisle (Bradley Cooper) é um homem que literalmente coloca fogo em seu passado. Quando pega a estrada, sua casa (e um corpo não identificado) são consumidos pelas chamas. Ele sai sem rumo, sem direção. Acaba indo parar em um velho parque de diversões decadente. Começa a trabalhar ali como trabalhador braçal, mas não demora muito e começa a aprender alguns truques com um velho mágico que está sendo corroído pelo alcoolismo. O veterano também lhe ensina algumas técnicas de leitura fria e leitura quente, artimanhas usadas em jogos de suposta "espiritualidade". O velho não dura muito e deixa para ele apenas um conselho para nunca usar aquelas técnicas se passando por médium. Afinal isso seria puro charlatanismo, nada condizente com a tradição dos grandes mágicos do passado.

Só que vigarista é vigarista e Carlisle vai para a grande cidade, se vender como alguém que consegue conversar com os mortos. Se aliando a uma analista desonesta chamada Dra. Lilith Ritter (Cate Blanchett) ele passa a ter acesso a informações privilegiadas que usa para enganar homens ricos e poderosos, entre eles um juiz que perdeu seu jovem filho e um chefe mafioso corroído pela morte da mulher que mais amou na vida. E de golpe em golpe, ele começa a escalar mais e mais nos seus jogos de enganação, chegando até mesmo a promover supostas aparições (materializações) de pessoas mortas, algo que vai colocar sua vida em risco. Ser vigarista também tem seus limites! Grande filme, adorei. O elenco, a direção de arte, a produção, tudo surge na tela para engrandecer uma produção realmente classe A. Esse é um daqueles filmes atuais especialmente indicados para quem aprecia o cinema clássico do passado de Hollywood. Um dos melhores do ano, certamente.

O Beco do Pesadelo (Nightmare Alley, Estados Unidos, 2021) Direção: Guillermo del Toro / Roteiro: Guillermo del Toro, Kim Morgan, baseados no romance escrito por William Lindsay Gresham / Elenco: Bradley Cooper, Cate Blanchett, Toni Collette, Willem Dafoe, Richard Jenkins, Rooney Mara, Ron Perlman, Mary Steenburgen / Sinopse: Um andarilho acaba indo trabalhar em um velho parque de diversões onde aprende técnicas com um mágico no fim de sua vida. A partir daí ele parte para a cidade grande onde passa a enganar pessoas ricas, dizendo ter acesso a seus parentes falecidos. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor filme, melhor design de produção, melhor figurino e melhor direção de fotografia (Dan Laustsen).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

O Mistério de God's Pocket

Título no Brasil: O Mistério de God's Pocket
Título Original: God's Pocket
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Park Pictures
Direção: John Slattery
Roteiro: Peter Dexter, Alex Metcalf
Elenco: Philip Seymour Hoffman, Christina Hendricks, Richard Jenkins, John Turturro

Sinopse:
Mickey Scarpato (Philip Seymour Hoffman) vive em "God's Pocket", um bairro conhecido por ser uma comunidade de trabalhadores de baixa renda. Casado com a bela Jeanie (Christina Hendricks), ele vai levando sua vida no mercado de carnes da região e em pequenos golpes dados ao lado de seu amigo Arthur 'Bird' Capezio (John Turturro). Quando seu enteado morre em um suposto acidente no trabalho ele precisa arranjar da noite para o dia o dinheiro necessário para seu funeral, algo que não vai ser nada fácil. Filme indicado ao prêmio de Melhor Filme - Drama no Sundance Film Festival.

Comentários:
Esse foi o primeiro filme a ser lançado após a morte do ator Philip Seymour Hoffman. É uma pequena obra, muito talentosa, com ótimo argumento e personagens bem cativantes. O foco do roteiro é direcionado para a chamada classe trabalhadora, o homem comum que mora em bairros de periferia das grandes cidades. A vizinhança aqui enfocada é a de God's Pocket, onde cada um vai tentando levar sua vida em frente, dentro de suas possibilidades. O interessante é que a maioria dos personagens não são bandidos ou marginais, porém vivem numa tênue linha entre a honestidade e a criminalidade. Como se trata de uma comunidade pobre não há qualquer receio em de vez em quando se envolver em alguma atividade ilícita. Como o próprio texto informa na abertura aquele é um lugar onde algum morador, pelo menos alguma vez em sua vida, bateu em alguém, ou roubou alguma coisa pela vizinhança. Mais uma vez estamos diante de um daqueles filmes onde há um clima de melancolia e completa falta de esperança no ar. Aquelas pessoas acordam pela manhã e tentam sobreviver mais um dia, sem muitas perspectivas de que o futuro lhes reservará algo melhor. 

Há também um leve toque de humor negro, principalmente envolvendo o corpo do enteado morto de Mickey, porém não espere por aquele tipo de situação cômica que fará você rolar no chão de rir, pelo contrário, o sorriso certamente sairá bem nervoso. No elenco temos três destaques. O primeiro é obviamente a presença de Philip Seymour Hoffman que dá vida ao personagem Mickey Scarpato. Um sujeito casado com uma bela mulher, mas que leva uma vida dura, onde a sorte parece nunca lhe sorrir. Ao seu lado Christina Hendricks (de "Mad Men") interpreta uma dona de casa arrasada pela morte de seu filho, que começa a ter dúvidas sobre seu casamento e a vidinha que anda levando. Por fim completando o triângulo amoroso temos Richard Shellburn (Richard Jenkins), um decadente jornalista, que passa seus dias completamente bêbado, cuja inspiração literária há muito o abandonou. Sem grandes arroubos de inspiração acaba escrevendo sobre a vida nada extraordinária dos moradores de God's Pocket, algo que lhe custará bem caro depois. Em suma, temos aqui um pequeno grande filme sobre a vida ordinária e cotidiana desses personagens, tudo realizado com muito bom gosto e talento.

Pablo Aluísio.

sábado, 24 de março de 2012

Comer, Rezar, Amar

Liz Gilbert (Julia Roberts) é uma mulher com vários problemas emocionais e afetivos. Para superar os problemas decorrentes de seu divórcio ela resolve viajar ao redor do mundo para conhecer outras pessoas, outras culturas. Nesse processo de conhecimento dos costumes e culturas de outros países acaba se descobrindo a si mesma. De uma forma em geral o filme "Comer, Rezar, Amar" poderia trocar de nome e se denominar "Guia de turismo para balzaquianas divorciadas", isso porque o argumento mais parece um guia de turismo passando por diversos países como Itália, Bali e Índia. Nesses lugares a personagem principal (interpretada por Julia Roberts) tenta superar seu divórcio problemático e para isso medita, viaja, come as especiarias locais e tem casos amorosos com os homens interessantes que encontra pelo caminho. Tudo muito soft, com cara de cartão postal o que ajuda no resultado final pois a fotografia do filme ficou muito bonita. O problema é que os americanos não conseguem fazer filmes sobre outras culturas que não caiam numa visão estereotipada. Todos os personagens não americanos do filme são clichês. Os italianos, por exemplo, só falam alto, gesticulam em excesso e comem massa o dia inteiro. Os indianos são todos pobres miseráveis, vivendo pelas ruas, mas obviamente espiritualizados. O filme inclusive tem uma frase horrível sobre a Índia quando Julia Roberts é aconselhada a não "tocar em nada", nem em uma garrafa de refrigerante local, para não pegar uma doença ou uma difteria. Mais preconceituoso impossível!

Nem os brasileiros escapam dos clichês. A primeira personagem brasileira que aparece no filme está numa loja procurando por um "chapéu de bananas" (Valha-me Deus, como se todas as brasileiras fossem covers da Carmen Miranda!) O ator Javier Bardem também interpreta um brasileiro que não sabe pronunciar uma única frase em português sem parecer um portunhol horripilante. Também passa o dia ouvindo bossa nova e beija o filho na boca (costume que seu filho diz ser comum no Brasil!). Para completar a clichezada seu filho também aparece com uma bola de soccer na mão! Enfim, com todos esses defeitos "Comer, Rezar, Amar" não foge daqueles clichês românticos banais que estamos acostumados a ver em novelas da pior qualidade. O filme até que não é ruim de todo e nem aborrece muito mas também não tem profundidade nenhuma. Pra falar a verdade poderia facilmente ser adaptado pela Globo para virar uma novela das oito que ninguém iria notar a diferença.

Comer, Rezar, Amar (Eat Pray Love, Estados Unidos, 2010) Direção: Ryan Murphy / Roteiro: Ryan Murphy, Jennifer Salt / Elenco: Julia Roberts, Javier Bardem, Richard Jenkins / Sinopse: Liz Gilbert (Julia Roberts) é uma mulher com vários problemas emocionais e afetivos. Para superar os problemas decorrentes de seu divórcio ela resolve viajar ao redor do mundo para conhecer outras pessoas, outras culturas. Nesse processo de conhecimento dos costumes e culturas de outros países acaba se descobrindo a si mesma.

Pablo Aluísio.