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sábado, 18 de fevereiro de 2023

O Padre

Título no Brasil: O Padre
Título Original: Priest
Ano de Lançamento: 1994
País: Reino Unido
Estúdio: BBC Films
Direção: Antonia Bird
Roteiro: Jimmy McGovern
Elenco: Linus Roache, Tom Wilkinson, Robert Carlyle, Cathy Tyson, Lesley Sharp, Christine Tremarco

Sinopse:
Um padre católico homossexual descobre durante o confessionário que uma jovem está sendo abusada sexualmente pelo pai e precisa decidir como lidar com esse segredo e com os seus próprios segredos pessoais.

Comentários:
Ao longo dos anos, vários filmes receberam o título de "O Padre". Por isso é fácil confundir os filmes entre si. Esse aqui é um filme inglês lançado na década de 1990 e que chegou a ser lançado igualmente nas locadoras brasileiras. É uma produção em parceria entre a BBC inglesa e a Miramax norte-americana. O personagem principal é um padre que tenta esconder sua homossexualidade ao mesmo tempo em que precisa ajudar uma fiel que lhe contou em segredo um crime. Tudo lhe foi passado em confissão. Foram relatados abusos sexuais envolvendo uma jovem de sua paróquia. E aí entra diversos aspectos delicados nessa equação. Como denunciar algo da confissão? Ele não pode abertamente denunciar para as autoridades policiais o que ouviu. E como também tem seus próprios segredos, precisa agir com a devida cautela. E nesse processo, acaba sofrendo uma crise ética pessoal muito acentuada. Um filme muito bom, muito bem dirigido e com excelente elenco. O cinema inglês nunca decepciona na elegância e sofisticação ao tratar mesmo dos temas mais complicados.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

O Cavaleiro Solitário

E então resolveram trazer o cavaleiro solitário de volta aos cinemas. Do que trata esse filme? John Reid (Armie Hammer) volta para o oeste para reencontrar seu irmão, um Texas Ranger honesto e íntegro. Chegando lá descobre que tudo está de pernas para o ar. Um grupo de facínoras domina a região com a força do poder da prata descoberta em terras indígenas. Durante uma emboscada seu irmão e seus homens da lei são mortos covardemente por Butch Cavendish (William Fichtner) e seu bando de criminosos. Descoberto agonizando no meio do deserto após o ataque, o comanche Tonto (Johnny Depp) o salva da morte certa. Agora juntos resolvem trazer justiça ao velho oeste. John Reid esquece sua verdadeira identidade, coloca uma máscara feita dos restos da roupa de seu irmão assassinado e se torna o Cavaleiro Solitário!

Houve muita má vontade por parte da crítica quando esse "The Lone Ranger" chegou aos cinemas. Ao custo de 215 milhões de dólares, o filme foi muito mal recebido. Era uma aposta da Disney em inaugurar mais uma franquia ao estilo "Piratas do Caribe". O resultado comercial porém foi muito fraco e assim provavelmente não teremos mais nenhuma continuação, o que é uma pena. A verdade pura e simples é que essa nova versão do famoso personagem não é pior do que costumeiramente se vê em filmes super produzidos por Hollywood ultimamente. Sendo sincero, é até uma película muito divertida. Alguns fãs de western mais tradicionais certamente vão achar o ritmo muito histérico e com certeza reclamarão nas mudanças da história que todos conhecemos, mas no fundo isso não chega a desmerecer o filme como um todo.

O personagem Tonto, como era esperado, ganhou muito mais espaço no roteiro, fruto, é claro, da participação do ator Johnny Depp no papel, mas usá-lo como fio narrativo, enquanto lembra a um garotinho em um parque de diversões a verdadeira face do Lone Ranger, foi até de muito bom gosto. Também vamos confessar que quando toca a música tema do personagem se torna impossível a um verdadeiro fã de faroestes simplesmente ficar indiferente. Se fosse destacar alguns problemas diria apenas que o filme poderia ser mais curto pois ganharia em ritmo. Também há excessos de alguns personagens que não fazem a menor falta na estrutura do enredo, como a prostituta interpretada por Helena Bonham Carter, que poderiam ser eliminados sem problemas. De qualquer forma, de modo em geral, esse é um western com sabor de aventura, momentos cômicos e muita ação. Se gostamos? Sim, gostamos. A crítica foi muito mais ranzinza do que era preciso com essa produção. Pode conferir sem receios, no mínimo você se divertirá.

O Cavaleiro Solitário (The Lone Ranger, Estados Unidos, 2013) Estúdio: Walt Disney Pictures, Jerry Bruckheimer Films / Direção: Gore Verbinski / Roteiro: Justin Haythe, Ted Elliott / Elenco: Johnny Depp, Armie Hammer, William Fichtner, Tom Wilkinson, Ruth Wilson, Helena Bonham Carter / Sinopse: Um homem do velho oeste e um nativo americano se unem para trazer justiça ao violento mundo onde vivem. Filme indicado ao Oscar de melhor maquiagem (Joel Harlow, Gloria Pasqua Casny) e melhores efeitos especiais (Tim Alexander, Gary Brozenich e equipe).

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

O Príncipe Feliz

Título no Brasil: O Príncipe Feliz
Título Original: The Happy Prince
Ano de Produção: 2018
País: Inglaterra, Alemanha, Bélgica
Estúdio: Maze Pictures
Direção: Rupert Everett
Roteiro: Rupert Everett
Elenco: Rupert Everett, Colin Firth, Emily Watson, Colin Morgan, Tom Wilkinson, Tom Colley

Sinopse:
Após cumprir sua pena de trabalhos forçados numa prisão inglesa, o escritor Oscar Wilde finalmente ganha a sua liberdade. Sem pensar duas vezes ele vai embora para Paris onde pretende recomeçar sua vida, só que velhos fantasmas do passado teimam em persegui-lo. Filme indicado no Berlin International Film Festival, British Independent Film Awards e European Film Awards.

Comentários:
Geralmente quando lemos alguma biografia do escritor Oscar Wilde descobrimos que ele foi preso acusado de ser homossexual (era um crime na era vitoriana) e depois de cumprir sua pena (de 2 anos) teria ido para Paris, onde morreu. Mas o que aconteceu nesse período final de sua vida? Esse filme traz todos os detalhes de seus últimos meses de vida. É curioso perceber que a prisão, com trabalhos forçados, destruiu não apenas a reputação de Wilde, mas também o arruinou financeiramente e artisticamente. Psicologicamente ele igualmente ficou muito mal. Quando o encontramos no filme ele está praticamente falido, sem dinheiro nem para pagar uma conta de bar. Frequentando pequenas tavernas de Paris ele tenta viver um dia de cada vez. A decadência absoluta de Wilde desfila pela tela, sem amenizar sua ruína pessoal. Eu tinha poucas informações sobre esse período de sua vida e fiquei bem surpreso em saber que mesmo após passar por tudo ele ainda foi atrás de "Bosie", o filho de um rico nobre inglês, o mesmo que fez de tudo para que Wilde fosse para a prisão. E nesse reencontro ele finalmente percebeu que seu jovem amante era no fundo um sujeito mesquinho, frívolo e decepcionante. Deve ter sido terrível para Wilde saber disso depois de tudo o que passou. Enfim, excelente filme, muito bem feito, com ótima direção e roteiro. Se você gosta de Oscar Wilde e sua obra então é uma peça cinematográfica simplesmente indispensável.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 9 de julho de 2018

The Catcher Was a Spy

É um drama de espionagem e suspense ambientado na II Guerra Mundial. Algo que não esperaria ser estrelado por um ator como Paul Rudd. Logo ele, o Homem-Formiga, sempre com uma piadinha na ponta de língua. Pois é, aqui não existe espaço para o humor. No filme, que é baseado numa história real, somos apresentados ao jogador de beisebol Moe Berg. Já veterano, quase aposentado do esporte, ele começa a procurar por outros caminhos na vida. Acaba sendo recrutado pela OSS, a agência de espionagem dos Estados Unidos antes da criação da CIA. Embora fosse conhecido mais como desportista, Berg também era um intelectual, com várias formações acadêmicas. Também falava vários idiomas, ou seja, era o tipo ideal para se tornar um agente de espionagem do governo americano.

Sua primeira missão acaba sendo uma das mais complicadas. Ele é enviado para a Suíça. Seu objetivo é encontrar e matar um importante cientista alemão que estaria comandando a criação da tão temida bomba atômica nazista. Não espere por nada parecido como James Bond, com muitas cenas de ação e aventura. Como tudo é baseado em fatos reais, a história se desenvolve de forma mais calma e verossímil. Outro aspecto melhor trabalhado pelo roteiro é a própria personalidade do protagonista. Solteirão e culto, havia uma suspeita que ele também fosse gay, algo sutilmente sugerido pelo roteiro quando ele viaja até o Japão e lá encontra um homem em um bar. Como resultado de tudo considerei o filme bom, bem produzido e com boas atuações. Nunca havia visto Paul Rudd em um filme sério, com ares mais dramáticos como esse. Não deixou de ser uma grande surpresa.

The Catcher Was a Spy (Estados Unidos, 2018) Direção: Ben Lewin / Roteiro: Robert Rodat, Nicholas Dawidoff / Elenco: Paul Rudd, Paul Giamatti, Jeff Daniels, Connie Nielsen, Guy Pearce, Tom Wilkinson / Sinopse: O filme conta a história real de um jogador de beixebol e acadêmico que durante os anos 1940 se tornou agente de espionagem do governo americano, tendo como missão executar um importante cientista alemão envolvido no desenvolvimento da primeira bomba atômica do III Reich.

Pablo Aluísio.

domingo, 6 de maio de 2018

Titã

Título no Brasil:Titã
Título Original: The Titan
Ano de Produção: 2018
País: Estados Unidos
Estúdio: Netflix, Nostromo Pictures
Direção: Lennart Ruff
Roteiro: Max Hurwitz, Arash Amel
Elenco: Sam Worthington, Taylor Schilling, Tom Wilkinson, Agyness Deyn, Nathalie Emmanuel, Diego Boneta

Sinopse:
O Tenente Rick Janssen (Sam Worthington) da Marinha dos Estados Unidos decide entrar em um projeto pioneiro que enviará o primeiro homem para a distante lua de Saturno conhecida como Titã. Maior do que o planeta Mercúrio, o distante mundo é especialmente perigoso para os seres humanos pois possui uma atmosfera tóxica. Os cientistas porém acharam uma maneira de mudar o DNA dos astronautas, os tornando ideias para aquele satélite. O problema é que a mudança também acaba ocasionando muitos efeitos colaterais perigosos em todos os que passaram pelas experiências genéticas.

Comentários:
Mais uma produção original da Netflix. Mais uma produção que deixa a desejar. A premissa é interessante, não tenha dúvidas. Uma missão pretende enviar o primeiro homem para Titã, uma lua de Saturno. O problema é que seria impossível para um ser humano viver lá por causa das temperaturas congelantes e do excesso de Nitrogênio na atmosfera. Como resolver isso? Como promover uma adaptação? Simples. Mudando o próprio DNA dos astronautas que vão para lá. E ai começam todos os testes e experiências. O personagem de Sam Worthington acaba sendo um dos mais promissores nas mutações, já que seu organismo aguenta a violência das modificações em sua estrutura. Só que há um problema no meio do caminho. Os que passam pelas transformações acabam também desenvolvendo um modo de ser violento, assassino, que coloca todos em perigo. Eu pessoalmente esperava bem mais desse filme quando li a sinopse. Esperava por efeitos especiais de primeira linha (não espere por isso) ou pelo menos por uma maquiagem da criatura que fosse surpreender (e que infelizmente é outra decepção!). Além disso a tal chegada do primeiro homem em Titã quase não acontece. Praticamente 99 por cento de todo o enredo se passa nos treinamentos da missão e, é claro, nos procedimentos de mutação. Com isso o filme perde muito ritmo e decai muito em certos momentos. Não se surpreenda se começar a bocejar lá pelo meio do filme. É o tédio que se impõe, tudo misturado com decepção e um incômodo aborrecimento. O tal primeiro homem em Titã não consegue empolgar muito, nem mesmo os mais interessados no tema da conquisa do homem dos confins do universo. Em certo aspecto só conseguimos sentir sono, muito sono desse filme que não consegue suprir as expectativas de ninguém. Não foi dessa vez que acertaram.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Ou Tudo, Ou Nada

Título no Brasil: Ou Tudo, Ou Nada
Título Original: The Full Monty
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Peter Cattaneo
Roteiro: Simon Beaufoy
Elenco: Robert Carlyle, Tom Wilkinson, Mark Addy
  
Sinopse:
Um grupo de seis trabalhadores comuns resolve montar um show de nudez, com homens normais, sem músculos, sem nenhum grande atrativo. A situação incomum logo chama a atenção da sociedade e a imprensa que começa a dar destaque ao estranho evento! Filme indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Comédia ou Musical. Filme premiado pelo Oscar na categoria de Melhor Música (Anne Dudley). Também indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Direção (Peter Cattaneo), Melhor Filme e Melhor Roteiro Original (Simon Beaufoy).

Comentários:
Filme que foi muito badalado, absurdamente badalado, pela crítica internacional. Isso levou o filme a ser indicado a prêmios importantes, sem nenhuma justificativa. E afinal do que se trata? Se trata basicamente de uma comédia muito simples, que explora apenas uma situação pretensamente divertida e engraçada: um bando de trabalhadores que resolvem ficar pelados para ganhar uma grana extra. Por serem totalmente diferentes dos profissionais strippers, com todos aqueles músculos e corpo cheio de óleo, eles acabam atraindo a atenção para si mesmos. É isso, nada mais, nada menos. No começo você ainda pode - fazendo muita força - dar algumas risadinhas amarelas. Depois vai ficando cansativo, cansativo e lá pelo final você vai ficar torcendo para o filme acabar logo. De bom mesmo apenas algumas cenas que exploram os problemas sociais da classe trabalhadora. Mesmo assim nem isso é muito trabalhado. Enfim, tudo muito fraco e muito superestimado. Pode ser dispensado sem maiores dificuldades.

Pablo Aluísio.

sábado, 21 de janeiro de 2017

Shakespeare Apaixonado

Título no Brasil: Shakespeare Apaixonado
Título Original: Shakespeare in Love
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: John Madden
Roteiro: Marc Norman, Tom Stoppard
Elenco: Gwyneth Paltrow, Joseph Fiennes, Geoffrey Rush, Tom Wilkinson, Judi Dench
  
Sinopse:
William Shakespeare (Joseph Fiennes) é um jovem escritor, ainda em busca de seu próprio espaço, que se apaixona pela linda e perfeita Viola De Lesseps (Gwyneth Paltrow) que passa a ser sua musa, fonte de inspiração para sua obra e arte. Completamente apaixonado ele vai finalmente entender que sua paixão simplesmente não basta para transformar seus sentimentos em uma bela história de amor.

Comentários:
Sempre achei muito superestimado esse filme. Em seu ano ele levou todos os grandes prêmios da Academia, inclusive melhor filme, melhor atriz (Gwyneth Paltrow), atriz coadjuvante (Judi Dench), roteiro, direção de arte, figurinos, etc... Um exagero! Quando o filme recebeu essa tonelada de prêmios cheguei a me animar e fui ao cinema conferir - imaginem a decepção! O que encontrei foi um filme pop, falsamente histórico, com um enredo piegas e meloso demais para se levar à sério. Pior do que isso, o filme falha miseravelmente onde não poderia falhar, pois a química entre Gwyneth Paltrow e Joseph Fiennes não existe, é zero! Como um romance pode se sustentar se o espectador não consegue se convencer que os personagens estão efetivamente apaixonados e enamorados, vivendo o amor de suas vidas? Absurdo! Aliás devo dizer que a atriz Gwyneth Paltrow sempre fracassou nesse tipo de papel. Ela tem uma personalidade fria, sem muito calor humano. Sua personagem, que deveria ser pura paixão, acaba sendo apenas pura frieza, com isso tudo desmorona. Claro que há uma bela produção desfilando em cena, com figurinos, reconstituição de época e tudo mais. Em termos de luxo nada falta - porém só isso não faz um grande filme. Tem que ter alma, paixão, romance... coisas que "Shakespeare in Love" definitivamente não tem para passar ao público.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Negação

Título no Brasil: Negação
Título Original: Denial
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: BBC Films
Direção: Mick Jackson
Roteiro: David Hare
Elenco: Rachel Weisz, Tom Wilkinson, Timothy Spall, Andrew Scott
  
Sinopse:
David Irving (Timothy Spall) é um revisionista histórico que afirma em seus livros que o ditador alemão Adolf Hitler jamais teria autorizado o extermínio de judeus em campos de concentração durante a II Guerra Mundial. Ao ser chamado de nazista e racista por uma historiadora americana, a Dra Deborah Lipstadt (Rachel Weisz), ele acaba levando a questão para os tribunais ingleses, onde começa uma disputa sobre a questão histórica do holocausto judeu. Filme indicado ao BAFTA Awards na categoria de Melhor Filme Britânico.

Comentários:
Assim que tomei conhecimento do tema desse filme já soube de antemão que seria bom ou pelo menos muito interessante. A história é baseada em fatos reais e mostra a batalha jurídica que se trava entre uma professora e historiadora americana e um revisionista inglês. Como se sabe existem aqueles que negam o holocausto, assim como outros que afirmam que Hitler não autorizou a chamada solução final, o assassinato em massa do povo judeu. No tribunal ambas as partes discutem uma lide subjetiva, que envolve calúnia e difamação, porém logo a imprensa britânica lança a ideia de que o que realmente estaria em julgamento era a existência real ou não do próprio holocausto (o que do ponto de vista jurídico não era verdade). É um drama de tribunal com um excelente pano de fundo histórico. Baseado no próprio livro da Dra Deborah Lipstadt o filme vai desvendando a desonestidade intelectual de David Irving, um sujeito que começou estudando a biografia de Hitler até se apaixonar pelo biografado, se tornando assim um insuspeito admirador do Nacional Socialismo Alemão (mais conhecida como a ideologia nazista). Chamado de nazista e racista pela professora americana ele a leva aos tribunais, a processando por difamação e calúnia, cabendo agora a ela demonstrar perante o juiz que ele é sim aquilo que ela afirmou. É a chamada exceção da verdade. O filme também é interessante para estudantes e profissionais do Direito, uma vez que mostra detalhes do funcionamento do ordenamento jurídico inglês, suas nuances processuais e jurisprudenciais. Tudo muito instrutivo. A produção é igualmente e especialmente indicada para aqueles que apenas procuram por um bom filme que explore essa luta intelectual entre historiadores tradicionais e revisionistas sobre a questão do holocausto. Há provas históricas realmente consistentes? O que aconteceu de fato nos campos de concentração? Havia mesmo câmeras de gás em Auschwitz? Questões como essas são tratadas nesse excelente roteiro. Está muito bem recomendado. Não deixe de assistir.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Risco Imediato

Título no Brasil: Risco Imediato
Título Original: Good People
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Millennium Films
Direção: Henrik Ruben Genz
Roteiro: Kelly Masterson, Marcus Sakey
Elenco: James Franco, Kate Hudson, Tom Wilkinson, Sam Spruell 

Sinopse:
Tom (James Franco) e sua esposa Anna (Kate Hudson) formam um casal que, em dificuldades financeiras, resolve alugar o porão de sua casa para ajudar no pagamento da hipoteca de onde moram. O problema é que o inquilino é um assaltante de bancos e assassino que acaba sendo encontrado morto por uma overdose de drogas pouco tempo depois de se mudar para lá. Depois que seu corpo é removido, casualmente Tom acaba também encontrando no quarto alugado uma maleta cheia de dinheiro proveniente de seu último roubo. Toma então uma decisão que irá se arrepender depois ao decidir que ficará com a pequena fortuna de 200 mil libras para si. Não tardará para que outros criminosos venham em busca do dinheiro, o que colocará Tom e Anna em sério perigo de vida.

Comentários:
O filme até que começa bem. O roteiro mostra esse simpático casal que só deseja mesmo ser feliz, mesmo levando uma vida muito apertada do ponto de vista financeiro. O problema é que eles estão em apuros nesse campo. A hipoteca está vencida e eles estão prestes a serem despejados da casa onde moram.  Depois que encontram a mala cheia de dinheiro roubado de seu inquilino falecido a vida dos dois vira pelo avesso. Obviamente criminosos violentos virão atrás da grana e policiais corruptos não tardarão a também tentar pegar seu naco daquele dinheiro todo. E assim quando pensamos que tudo se resumirá em um inocente casal tentando sobreviver em jogo sórdido as coisas mudam - para piorar no meu ponto de vista. Eles resolvem levar os bandidos para uma casa isolada nos arredores de Londres. Uma casa em reformas, com tudo ainda muito precário, já que Tom (Franco) que trabalha na construção civil ainda está terminando as obras no local. Lá criam uma série de armadilhas para eliminar um por um seus perseguidores. O que se segue é um verdadeiro banho de sangue. Esse roteiro derrapa justamente nisso. Fiquei com a sensação de estar assistindo a uma versão adulta e violenta de "Esqueceram de Mim", onde o garotinho também bolava uma série de armadilhas em sua casa para prejudicar os bandidos invasores. No final de tudo muitas perguntas e pontas soltas pairam no ar. A mais intrigante delas é: Por que o casal não se mandou logo após encontrar o dinheiro, aquela pequena fortuna? Por que resolveram esperar pelo surgimento de criminosos psicopatas em seu caminho? Teria sido muito fácil eles fugirem na mesma noite em que encontraram a sacola cheia de libras. São perguntas sem respostas. De qualquer maneira vale a presença da sempre gracinha Kate Hudson, com direito a generosas cenas de nudez onde expõe seu dotes que a natureza lhe deu. Obviamente os marmanjos vão gostar. Já para quem estiver em busca apenas de um bom thriller policial de suspense a sensação não será de plena satisfação. Poderia ter sido bem melhor se os clichês não fossem tão recorrentes.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

O Exorcismo de Emily Rose

Título no Brasil: O Exorcismo de Emily Rose
Título Original: The Exorcism of Emily Rose
Ano de Produção: 2005
País: Estados Unidos
Estúdio: Screen Gems, Lakeshore Entertainment
Direção: Scott Derrickson
Roteiro: Paul Harris Boardman, Scott Derrickson
Elenco: Laura Linney, Tom Wilkinson, Shohreh Aghdashloo

Sinopse:
Emily Rose (Jennifer Carpenter) é um jovem universitária de 19 anos que começa a manifestar uma série de estranhas atitudes. Desesperada, sua família procura por um exorcista, o padre Moore (Tom Wilkinson). Após uma série de rituais de exorcismo a garota acaba morrendo. Levado a julgamento o sacerdote católico agora contará em sua defesa com o trabalho da advogada Erin Bruner (Laura Linney) que tem uma posição muito cética em relação a dogmas religiosos. Filme vencedor do prêmio da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films na categoria "Melhor Filme de Terror".

Comentários:
Bom e interessante filme baseado em fatos reais. O pano de fundo do enredo é um tenso julgamento realizado após a morte de um jovem garota. Ela teria morrido enquanto estava passando por um processo de exorcismo promovido por um padre católico. Após sua morte a situação se complica pois o tribunal começa a debater se sua morte foi causada pelo rito ou não. Não vá esperando nada parecido com o clássico "O Exorcista". Há uma preocupação do filme em ser o mais fiel possível aos fatos reais do evento que chocou e virou noticia nos jornais americanos na época. No elenco fazendo o papel de Emily Rose temos a atriz Jennifer Carpenter. Bom, provavelmente você não ligará o nome à pessoa mas assim que começar a assistir ao filme certamente reconhecerá a irmã do Dexter - isso mesmo! Ela interpretou a irmã do mais famoso psicopata da tv e depois nos bastidores acabou casando com ele, não com o Dexter, é claro, mas com o ator que o interpretava, Michael C. Hall. Já voltando para essa produção deixamos a recomendação se você estiver em busca de um filme que trate sobre o tema de uma forma mais realista e pé no chão, baseado em fatos históricos e não apenas em literatura de ficção. Sob esse ponto de vista não há como negar que "O Exorcismo de Emily Rose" é realmente acima da média, muito interessante e até mesmo, porque não, instrutivo. Um curioso retrato da forma como a milenar Igreja Católica lida com o tema. PS: se você tiver curiosidade sobre o fato real procure na net pelo nome de Anneliese Michel (o nome real da garota). No Youtube inclusive há áudios gravados durante seu exorcismo.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Rock'n'Rolla - A Grande Roubada

Título no Brasil: Rock'n'Rolla - A Grande Roubada
Título Original: RocknRolla
Ano de Produção: 2008
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros., Dark Castle Entertainment
Direção: Guy Ritchie
Roteiro: Guy Ritchie
Elenco: Gerard Butler, Tom Wilkinson, Idris Elba

Sinopse:
Uma enorme transação de dinheiro de um famoso mafioso russo acaba dando errado, fazendo com que toda aquela fortuna circule pelo submundo de Londres. Agora todos os criminosos do Reino Unido pensam em uma forma de colocar as mãos naquela grana preta. Disputando a posse dele surgem todos os tipos de foras-da-lei, desde um chefe criminoso londrino até uma contadora sexy e desonesta. Quem irá conseguir enriquecer da noite para o dia?

Comentários:
Considero um filme menor da carreira de Guy Ritchie. O ex-marido de Madonna parece copiar a si mesmo, só que sem a mesma imaginação e talento. O filme segue o estilo de algumas produções de ação mais recentes, como "Adrenalina" com Jason Statham onde tudo é lançado para o espectador em ritmo alucinante, quase insano. Guy Ritchie, apesar de se repetir em excesso e seguir por essa linha, ainda é um cineasta talentoso e por isso imprime seu próprio modo de ser ao filme em si, o que o salva de ser uma mera banalidade. Mesmo assim não consegue convencer no final das contas, tanto que a produção se torna logo facilmente esquecível, se misturando na memória a outras centenas de filmes de ação ao estilo alucinado. Assim Gerard Butler segue sua sina em busca de se tornar um novo herói dos filmes de ação, muito embora esse dia pareça a cada dia mais distante. Em suma, "Rock'n'Rolla - A Grande Roubada" até pode servir como diversão ligeira mas passa muito longe do passado mais interessante do diretor. Assista, coma pipoca e depois jogue fora!

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

O Patriota

Título no Brasil: O Patriota
Título Original: The Patriot
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Roland Emmerich
Roteiro: Robert Rodat
Elenco: Mel Gibson, Heath Ledger, Tom Wilkinson, Chris Cooper

Sinopse: 
Na colônia da Carolina do Sul, no ano de 1776, o colono Benjamin Martin (Mel Gibson) se torna vítima da brutal repressão das tropas inglesas na região. Tentando vencer na vida duramente, com sua pequena plantação, ele vê seus dois filhos mais velhos se alistarem no chamado exército continental formado após a colônia decidir lutar contra um dos maiores impérios do mundo, o da Grã Bretanha. Todos querem a independência. A rebelião desperta a fúria da metrópole que decide se vingar da população civil. A pequena plantação de Martin é incendiada e sua família sofre a tragédia da guerra que se forma no horizonte. A partir desses eventos Martin finalmente se decide por lutar no conflito para que uma nova, jovem e ambiciosa nação finalmente se liberte da opressão inglesa.

Comentários:
Filmes sobre a revolução americana sempre despertaram certos receios por parte dos grandes estúdios de Hollywood, principalmente depois do enorme fracasso comercial de "Revolução", estrelado por Al Pacino. Só mesmo o nome de Mel Gibson para levantar um projeto como esse. Tentando misturar fatos históricos reais com personagens de mera ficção "O Patriota" pretendeu levar acima de tudo entretenimento para as plateias. Nenhuma grande tese ou programa político é defendido em cena. Apenas história emoldurada nos moldes dos grandes blockbusters da indústria americana. Curiosamente até que a ideia não se mostra ruim. Gibson tem uma boa cena de ação atrás da outra e se destaca numa boa produção, que procura humanizar e dar um rosto aos colonos americanos que cansados da exploração do colonizador resolveram colocar em frente suas ambições de liberdade e independência. No elenco de apoio temos a presença de um jovem Heath Ledger, ainda tentando abrir seu espaço dentro do mercado. Sua interpretação é apenas mediana e nada realmente deixa transparecer o grande ator que viria a se tornar. Tom Wilkinson também merece destaque pelo bom trabalho desenvolvido em seu personagem, o general e Lord Charles Cornwallis. O filme só não é melhor porque afinal de contas temos o inexpressivo Roland Emmerich por trás das câmeras. Exigir desse diretor algo acima da média seria realmente pedir demais.

Pablo Aluísio.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Moça com Brinco de Pérola

Título no Brasil: Moça com Brinco de Pérola
Título Original: Girl with a Pearl Earring
Ano de Produção: 2003
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Peter Webber
Roteiro: Olivia Hetreed, baseado no romance de Tracy Chevalier
Elenco: Colin Firth, Scarlett Johansson, Tom Wilkinson, Cillian Murphy, Judy Parfitt

Sinopse: 
O romance mescla história real com mera ficção. Um dos quadros mais famosos do pintor Johannes Vermeer (aqui interpretado por Colin Firth) foi justamente "Moça com Brinco de Pérola". Aqui temos a narração dos fatos que deram origem ao quadro. A jovem Griet (Scarlett Johansson) acaba servindo de modelo para a pintura após ir trabalhar como empregada doméstica na casa do artista, se tornando assim imortalizada através da arte de seu patrão.

Comentários:
Com enredo criativo e excelente direção de arte esse filme "Moça com Brinco de Pérola" surpreende pelo bom gosto. Eu sempre gostei de filmes históricos como esse e por essa razão a produção me agradou bastante. Tudo muito refinado e fino (tanto o roteiro quanto a direção do filme). Uma das primeiras coisas que chamam a atenção é a clara semelhança entre a atriz Scarlett Johansson e a garota que foi pintada por Johannes Vermeer. Ótima escolha de elenco. No mais, embora tome várias liberdades históricas com os acontecimentos reais o filme agrada e conquista o espectador pelo próprio romance envolvente que vai tomando conta dos personagens. Colin Firth segue com sua típica caracterização de conquistador relutante, o que para muitas mulheres é puro charme. Ótimo elenco de apoio - como por exemplo a sempre marcante presença de Tom Wilkinson - completam o quadro de uma produção que realmente vale muito a pena, principalmente para quem estiver em busca de um bom drama com bastante romance histórico.

Pablo Aluísio.

sábado, 13 de julho de 2013

Operação Valquíria

Esse é aquele tipo de filme que todo mundo sabe como vai terminar mas que mesmo assim não deixa de ser interessante. Além disso é ótimo para quem se interessa pela história da Segunda Grande Guerra Mundial porque foi um fato real, que tentou mudar os rumos do maior conflito armado que o mundo já viu. Como se sabe a Alemanha Nazista era liderada com mãos de ferro pelo sanguinário ditador Adolf Hitler. Ele tinha um plano insano de expandir o chamado Terceiro Reich para além das fronteiras da Alemanha. Em sua distorcida visão havia uma raça superior formada pelos arianos, alemães altos e loiros, que deveriam dominar as demais raças inferiores (praticamente todo o resto do mundo). Para crescer e dominar a nova raça deveria ter um “espaço vital” e por essa razão Hitler começou a invadir todos os países da Europa. Aos poucos Tchecoslováquia, Polônia, Áustria e outros foram caindo em questão de semanas. O sucesso espetacular parecia garantir ao Fuhrer a dominação do mundo. Isso durou até o momento em que resolveu invadir a União Soviética (Rússia e países controlados por Moscou sob um regime comunista brutal). Péssima ideia pois a partir dessa invasão a Alemanha literalmente começou a perder a guerra pois o exército russo sob o comando de Stálin fez picadinho das tropas de Hitler.

O filme começa justamente quando as tropas do Eixo começavam a sofrer uma derrota atrás da outra no front russo. Foi a partir desse momento que um grupo de oficiais do exército decidiu se livrar de seu megalomaníaco e lunático líder. Aliás é bom de se dizer que Hitler em momento algum da guerra foi bem visto pelos altos oficiais do exército alemão. O ditador era encarado por muitos generais como um maluco sem qualquer tipo de visão militar ou estratégica (de fato enquanto esteve servindo o exército alemão na I Guerra Hitler nunca havia passado do reles posto de cabo). Comandados por um inepto muitos oficiais resolveram dar cabo ao chefe nazista. A operação que tentou acabar com a vida de Hitler foi a “Operação Valquíria”. A idéia era colocar uma bomba durante uma das reuniões do ditador com alguns comandantes militares. Depois de sua morte o exército alemão tentaria uma última e desesperada tentativa de rendição com os aliados. Tom Cruise interpreta o Coronel Claus von Stauffenberg, o oficial responsável em colocar a bomba perto de Hitler numa casamata secreta no meio da floresta onde o ditador se encontraria com seu QG. Como se sabe as coisas não deram muito certo e Hitler só foi parado mesmo quando o exército vermelho entrou em Berlim, destruindo tudo pelo caminho. Mas isso é o de menos, releve o fato de você saber como o filme termina e assista acompanhado tudo com os olhares curiosos de quem presencia a história se desenvolvendo ao sabor dos ventos.

Operação Valquíria (Valkyrie, Estados Unidos, 2008) Direção: Bryan Singer / Roteiro: Christopher McQuarrie, Nathan Alexander / Elenco: Tom Cruise, Kenneth Branagh, Bill Nighy, Tom Wilkinson, Terence Stamp / Sinopse: O filme detalha os planos para matar o ditador e líder nazista Adolf Hitler por um grupo de altos oficiais do exército alemão descontentes com os rumos da Guerra após a invasão da Rússia.

Pablo Aluísio.

sábado, 12 de janeiro de 2013

A Sombra e a Escuridão

Hollywood tem longa tradição em filmes ambientados na África Selvagem. Esse “A Sombra e a Escuridão” é mais um nessa longa e tradicional linha de produções filmadas no continente africano. O roteiro foi baseado em fatos reais. No final do século XIX uma empresa britânica passou por vários problemas ocasionados pelas mortes cometidas por dois leões da região, durante a construção de uma importante ferrovia que cortava a África Oriental, no Quênia, em Tsavo. Particularmente sanguinários as duas feras mataram juntas, segundo estimativas, mais de 140 homens ao longo de vários meses durante a construção da ferrovia. O número de mortes foi tão elevado que chegou-se ao ponto de ninguém mais querer trabalhar np local. Leões são carnívoros por natureza mas ataques a seres humanos nessa proporção era completamente único. O que levou esses animais a esse tipo de massacre? Existem muitas teorias sendo as mais prováveis a falta de presas naturais ocasionadas pelo avanço da civilização ou uma mutação genética que os tornaram máquinas assassinas singulares. Após suas mortes foram pesquisados e levados até os EUA para novos estudos. Os verdadeiros leões foram então empalhados e estão expostos em Chicago no famoso Museu de história natural, o Chicago Field Museum. Como eram animais únicos eles eram considerados pelos trabalhadores nativos como encarnações de demônios da floresta e por isso eram chamados de Fantasma e Escuridão respectivamente – nomes que fazem parte do título original do filme.

O roteiro foi escrito justamente em cima dessa história quando a empresa inglesa resolveu contratar caçadores profissionais para matar os felinos. Quem matou os leões na história verídica foi o Coronel Inglês John Henry Patterson, um famoso aventureiro. No filme a sua função acabou sendo dividida entre dois personagens principais, o grande caçador branco  Charles Remington (Michael Douglas) e o próprio Coronel Patterson aqui interpretado por Val Kilmer. Michael Douglas aliás adorou a experiência de filmar em regiões próximas onde tudo realmente aconteceu. Ao custo de pouco mais de 35 milhões de dólares uma grande equipe de filmagem adentrou a savana africana para obter as melhores tomadas de cena. Revisto hoje em dia “A Sombra e a Escuridão” chegamos na conclusão de que o filme resistiu bem ao tempo. Ainda é uma boa aventura, com roteiro bem escrito e situações que mantém o interesse. Val Kilmer talvez fosse jovem demais para interpretar o Coronel britânico mas isso em si não chega a prejudicar o resultado final. A produção é bonita, com linda fotografia, e não perde seu foco que em si é centralizada na caçada aos dois leões. Provavelmente vá incomodar um pouco os mais ecologistas mas temos que ter em mente o contexto histórico em que se passa a estória do filme. Em essência é um excelente filme de aventuras, bem ao estilo antigo. Vale a pena ser redescoberto.

A Sombra e a Escuridão (The Ghost and the Darkness, Estados Unidos, 1995) Direção: Stephen Hopkins / Roteiro: William Goldman / Elenco: Michael Douglas, Val Kilmer, Tom Wilkinson / Sinopse: Dois leões começam a atacar trabalhadores nativos durante a construção de uma grande estrada de ferro no coração do Quênia durante o século XIX. Para caçar e matar as feras a companhia ferroviária chama um experiente Coronel britânico que ao lado de um caçador veterano partem em busca dos felinos assassinos. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

The Kennedys

Série da TNT que procura reviver o apogeu da família Kennedy na década de 1960. Os Kennedys foram o mais próximo que os Estados Unidos tiveram de ter uma realeza. País republicano desde seus primórdios a nação acabou adotando a família Kennedy como sua versão de família real. E como toda monarquia que se preze a história desses anglo-irlandeses também foi cheia de dramas, tragédias e tristezas. Trazer essa história tão próxima ao povo americano certamente não seria nada fácil. Embora não seja em nenhum momento excepcional "The Kennedys" consegue manter um bom padrão de qualidade. A recriação de época da série está muito bem realizada. O elenco também está adequado, embora com algumas falhas pontuais. Tom Wilkinson interpretando o patriarca Joseph P. Kennedy está excepcional. Já Katie Holmes certamente não tem o porte e a elegância de Jackie Kennedy. Talvez esse seja o ponto mais fraco em termos de atuação. Ainda bem que compensando isso Greg Kinnear surge simplesmente de forma sobrenatural como JFK. Em certas tomadas de câmera ficamos até mesmo impressionados com a semelhança absurda que o ator transparece na tela. Greg consegue até mesmo recriar, com raro brilhantismo, os pequenos maneirismos do presidente, seja ao franzir a testa, seja no olhar de preocupação. Grande trabalho de caracterização. Alguns defeitos da família foram delicadamente varridos para debaixo do tapete como a constrangedora simpatia que Joseph Kennedy nutria pelo nazismo. O lado mais mulherengo de JFK também foi tratado com a máxima discrição possível. Muito provavelmente os produtores temiam algum tipo de processo da família Kennedy que até hoje segue muito influente e poderosa nos EUA.

Por outro lado tiveram coragem suficiente para mostrar a péssima idéia de Joseph em se aproximar da máfia italiana liderada pelo chefão Sam Giancana, líder da cosa nostra de Chicago.  Adivinhem quem fez a ligação entre ambos? Ele mesmo, o cantor Frank Sinatra! Na época das eleições, extremamente preocupado em ganhar na cidade de Chicago de todas as formas, o pai de JFK determinou a Sinatra que ele falasse com o Giancana para que as eleições naquela cidade fossem garantidas de uma forma ou outra  para John Kennedy. Usando da força dos sindicatos, todos corrompidos e corruptos, o jovem JFK acabou tendo ampla maioria lá, o que pavimentou sua escalada rumo à Casa Branca. Depois que foi eleito JFK nomeou seu irmão Bob como procurador geral e ele foi ao encalço de Giancana e cia. Obviamente que tudo foi visto como uma grande traição, por isso que em muitas teorias da conspiração temos a máfia americana como uma das prováveis autoras do assassinato de JFK. O roteiro da série porém preferiu não entrar nesse verdadeiro universo de teorias sobre a morte do presidente, se limitando a mostrar o terrível atentado e os efeitos que esse evento causou na alma da nação. Já para os fãs de Marilyn Monroe a minissérie pode ser um pouco decepcionante. Sua participação é discreta mas pelo menos foi enfocada. Pensei sinceramente que também iriam esconder esse aspecto (um dos mais famosos) da biografia dos Kennedys. Felizmente mostraram, até porque acredito que seria simplesmente impossível ignorar esse romance tão escandaloso da atriz com os dois irmãos. Assim podemos dizer que temos aqui um bom produto, que passa longe de ser o definitivo sobre a história dos Kennedys, mas que termina agradando dentro de suas modestas pretensões. De certa forma ainda é muito apegado à história oficial e por isso não procura levantar muitas polêmicas, preferindo ao invés disso saudar a memória do falecido presidente americano. Mesmo assim vale a pena conhecer.

The Kennedys (The Kennedys, Estados Unidos, 2011) Direção de Jon Cassar / Roteiro de Stephen Kronish e Joel Surnow / Elenco: Greg Kinnear, Barry Pepper, Tom Wilkinson. Katie Holmes / Sinopse: Minissérie que mostra os anos de glória da família Kennedy. Mostrando a chegada de John Kennedy à Casa Branca, a nomeação de seu irmão como procurador geral e os diversos problemas pessoais enfrentados pela família ao longo de todos aqueles anos.

Pablo Aluísio. 

domingo, 9 de dezembro de 2012

O Escritor Fantasma

A primeira constatação sobre "Escritor Fantasma" é a de que Polanski definitivamente não perdeu a mão. Ainda continua um cineasta muito competente e com pleno domínio da arte de se dirigir um filme. "Escritor Fantasma" realmente me envolveu da primeira à última cena (coisa que anda cada vez mais rara). Embora seja uma ficção todos sabem que é baseado quase que inteiramente no ex-primeiro ministro inglês Tony Blair, que em sua gestão foi tão submisso aos interesses de George W Bush que ficou conhecido como "O Poodle de Bush". Realmente, para quem é tão cioso de suas tradições o povo inglês deve ter realmente ficado assustado com esse político totalmente medíocre que enviou tropas britânicas para o Oriente Médio sem motivo justificado.

O elenco está ótimo mas destaco duas presenças magníficas. A primeira é a de Tom Wilkinson. Ele tem duas cenas no filme mas rouba todas as atenções. Seu personagem é um poço de simpatia e cortesia mas no fundo é a chave central de toda a trama. Sua cena com McGregor em sua casa é uma pintura de interpretação de alto nível. Outra presença marcante é a de Eli Wallach. Pouca gente vai reparar no velhinho que mora no litoral e que dá valiosas informações ao personagem de McGregor. Pois saibam que aquele velhinho é um dos atores mais consagrados da história de Hollywood, com uma lista enorme de filmes importantes no currículo. O único senão que tenho a fazer ao filme é a morte do primeiro ministro. Achei desnecessária e de certa forma sensacionalista em um roteiro que vinha se desenvolvendo de forma tão sutil. Mas isso é o de menos - "O Escritor Fantasma" é sem dúvida um excelente filme. Valeu velho Polanski.

O Escritor Fantasma (The Ghost Writer, Estados Unidos, Inglaterra, 2010) Direção: Roman Polanski / Roteiro: Robert Harris, Roman Polanski, baseados no livro homônimo de Robert Harris./ Elenco: Ewan McGregor, Pierce Brosnan, Eli Wallach, Kim Cattrall, Olivia Williams, Tom Wilkinson, James Belushii, Timothy Hutton, Jon Bernthal, Robert Pugh, Daphne Alexander, Jaymes Butler./ Sinopse: Adam Lang (Pierce Brosnan), primeiro-ministro da Inglaterra. resolve contratar os serviços de um ghostwriter (autor que escreve em nome de outra pessoa uma obra literária, omitindo seu nome dos créditos) interpretado por Ewan McGregor. O problema é que existe toda uma conspiração mundial em andamento o que poderá colocar inclusive sua própria segurança em risco.

Pablo Aluísio

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Wilde

Oscar Wilde (1854 - 1900) foi um dos maiores dramaturgos e escritores da literatura inglesa. Escreveu entre outros os grandes clássicos "O Retrato de Dorian Gray", "O Fantasma de Canterville" e na poesia "Rosa Mystica". Além de grande autor era também uma figura polêmica, desafiadora para os rígidos padrões da sociedade britânica de seu tempo. Com frases extremamente inteligentes satirizava a sisuda alta sociedade de seu país, usando sua pena de forma mordaz e contundente. A sua ligação com a sétima arte vem de longe com as inúmeras adaptações que "O Retrato de Dorian Gray" teve para o cinema. Aqui porém o foco é desviado para a própria pessoa do escritor, mostrando aspectos de sua biografia. Achei uma produção muito bem conduzida, escrita e interpretada. 

A primeira parte do filme pode soar confusa para quem não conhece a biografia do escritor mas aos poucos tudo vai se desenvolvendo melhor. As cenas iniciais mostram Oscar no oeste americano, visitando uma mina. Curiosamente essa turnê de Wilde nos Estados Unidos foi um fator decisivo para a construção de sua fama e mito. Depois desse começo meio desencontrado o filme finalmente deslancha. O elenco está muito bem, principalmente Stephen Fry como Wilde. Sua personalidade ao mesmo tempo irônica e ousada foi muito bem capturada pelo ator. Eu tenho restrições em relação ao Jude Law (que aqui interpreta Bosie, o jovem amante do escritor). Isso porque o verdadeiro Bosie era muito mais jovem do que Law. Além disso era mais afeminado e delicado. Nesse aspecto Jude não conseguiu capturar com fidelidade o personagem real, mostrando um jovem frívolo mas raivoso e em certos momentos violento. O roteiro retrata a conturbada relação entre Wilde e Bosie com muito bom gosto, sem se tornar ofensivo ou vulgar. O texto não perde muito tempo no julgamento de Wilde e se concentra mais no tumultuado triângulo amoroso que liga Wilde, Bosie e Constance, a esposa de Oscar. Achei a decisão bem acertada pois não torna o filme cansativo e chato até porque cenas de tribunais costumam ficar enfadonhas. O saldo final é muito bom. Em conclusão devo dizer que vale bastante conhecer esse filme. Além de ser interessante do ponto de vista histórico "Wilde" ainda lida com a questão do homossexualismo em plena era vitoriana. Está mais do que recomendado.  

Wilde (Wilde, Estados Unidos, 1997) Direção: Brian Gilbert / Roteiro: Richard Ellman, Julian Mitchell / Elenco: Stephen Fry, Jude Law, Tom Wilkinson, Vanessa Redgrave, Jennifer Ehle, Gemma Jones, Judy Parfitt, Michael Sheen, Orlando Bloom./ Sinopse: Cinebiografia do escritor Oscar Wilde. 

Pablo Aluísio.