quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Alô, Dolly!

O musical no cinema teve seu auge durante as décadas de 1930 e 1940. Foi o tempo em que Fred Astaire e Gene Kelly brilharam, com filmes extremamente bem realizados, maravilhosas produções, com o que Hollywood tinha de melhor a oferecer ao seu público. Esse "Alô, Dolly!" chegou aos cinemas no final dos anos 1960, quando o gênero já estava em franca decadência, para não dizer em desuso. A geração "flower power" associava os antigos musicais aos tempos de seus pais e como havia um certo preconceito sobre isso, poucos filmes fizeram sucesso por essa época. O curioso é que os estúdios Fox chamaram justamente o astro Gene Kelly, daqueles tempos áureos, para dirigir essa versão para o cinema da famosa e extremamente bem sucedida peça da Broadway.

Seu trabalho de direção é primoroso. Kelly não era tão elegante como Astaire, mas compensava isso com coreografias extremamente bem marcadas, com grande vigor atlético e precisão em cada passo. É justamente o que vemos aqui. Tirando as cenas em que Barbra Streisand canta, temos uma amostra do trabalho do diretor, ator e bailarino nesse aspecto. Isso fica bem nítido na cena do restaurante, com os garçons dando piruetas, dançando e esbanjando vigor físico. Em muitos momentos percebemos que tudo foi filmado com tomadas de cenas únicas, algo realmente impressionante. Talvez por não mais dançar, Gene Kelly aproveitou para fazer desse filme sua última homenagem à dança! Foi um belo adeus, como bem podemos conferir.

Além da presença do genial diretor também temos um elenco excepcional. O principal destaque vai obviamente para Barbra Streisand. Que grande talento! Sua voz tinha uma qualidade digna das grandes divas da música norte-americana do passado. Ela esbanja refinamento em cada nota musical, em cada detalhe. Além de excelente atriz, também era uma dançarina espetacular. Uma artista completa. Sua leveza e docilidade contrastou bem com o estilo mais rude (e igualmente engraçado) de Walter Matthau. Ver o ator dançando e cantando é outra diversão que por sí só já vale a pena. Com produção requintada, ótimos figurinos, cenários deslumbrantes e uma trilha sonora das mais agradáveis, esse "Hello Dolly!" foi uma bela despedida aos grandes musicais de Hollywood. São duas horas e meia de puro prazer! Obra prima cinematográfica e musical.

Alô, Dolly! (Hello, Dolly!, Estados Unidos, 1969) Direção: Gene Kelly / Roteiro: Michael Stewart, Thornton Wilder/ Elenco: Barbra Streisand, Walter Matthau, Michael Crawford, Marianne McAndrew, Louis Armstrong / Sinopse: Dolly Levi (Barbra Streisand) é uma viúva que trabalha como agente matrimonial. Ela é contratada pelo rico e rabugento Sr. Horace Vandergelder (Walter Matthau) para lhe arranjar uma esposa, mas nada parece dar certo, até que Dolly começa a se ver como ela mesma uma boa pretendente para o irascível Horace. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme e Melhor Fotografia (Harry Stradling Sr). Vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Direção de Arte, Som e Música.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Terra Selvagem

Um bom thriller todo filmado na reserva natural de Wind River, no estado americano do Wyoming. Tudo começa quando o agente do departamento de caça e pesca Cory Lambert (Jeremy Renner) encontra o corpo congelado de uma garota no alto da montanha. Ele a conhece, é uma jovem chamada Natalie, que pertence à comunidade indígena local. Ela foi assassinada, além de ter marcas de ter sido estuprada antes de sua morte. Como se trata de uma região sob jurisdição federal o FBI é chamado. A agente Jane Banner (Elizabeth Olsen) é enviada para liderar as investigações. Inicialmente se suspeita de jovens nativos que vivem pelas redondezas. Eles são viciados em drogas e poderiam ter cometido o crime. Depois, com mais cuidado, novas pistas levam para outras direções.

Achei o roteiro desse filme bem convencional, o que não chega a ser um problema. A trama, apesar de bem criada, não chega a surpreender em nenhum momento. A beleza natural da região onde o filme foi rodado compensa em grande parte alguns momentos mais parados do enredo. O personagem de Jeremy Renner gosta de pensar sobre si mesmo como a um caçador, um homem plenamente inserido dentro da natureza. Ele foi casado no passado com uma nativa, por isso tem acesso aos indígenas que vivem naquelas terras, o que definitivamente ajuda muito nas investigações. Há um belo momento "Animal Planet" quando ele encontra uma família de leões da montanhas numa toca. Esses animais não são mostrados no filme como bestas assassinas, mas com o respeito que a fauna nativa merece. No mais é um filme sem maiores surpresas. Falou-se muito em prêmios para esse filme, principalmente depois que ele foi agraciado em Cannes. Alguns apostam até mesmo em talvez até um Oscar, mas entendo que isso seria algo exagerado, sem razão de ser.

Terra Selvagem (Wind River, Estados Unidos, 2017) Direção: Taylor Sheridan / Roteiro: Taylor Sheridan / Elenco: Jeremy Renner, Elizabeth Olsen, Julia Jones, Kelsey Asbille / Sinopse: Uma jovem nativa é encontrada morta no alto de uma montanha da reserva natural de Wind River, no Wyoming. Uma agente do FBI é enviada para investigar e com a ajuda de policiais locais e do próprio agente de caça e pesca que encontrou o corpo, começa a desvendar o crime.

Pablo Aluísio.

Titan

Seguindo os passos da Disney, o estúdio Fox também entrou no concorrido mundo da animação. Eles seguiram basicamente a mesma fórmula: contratar atores famosos para dublar os personagens, promover uma grande campanha de marketing e obviamente esperar pelo melhor: lucros e mais lucros provenientes das bilheterias de cinema. O curioso é que ao invés de apostar no mundo dos contos de fadas e era medieval (como faz a major Disney) aqui os produtores escolheram uma aventura espacial como tema. A estorinha se passa no ano 3028 quando o planeta Terra é invadido por uma civilização extraterrestre selvagem e cruel. A maioria da humanidade é destruída, mas alguns seres humanos escapam. O protagonista, o jovem Cale Tucker (dublado por Matt Damon), consegue ir para o espaço.  E é justamente nos confins do universo que ele acaba se envolvendo em uma grande aventura.

A Fox investiu 75 milhões de dólares nessa animação, mas não se deu bem. O filme não foi bem de bilheteria e nem de crítica. Isso demonstrou aos executivos do cinema que não seria fácil vencer nesse mercado tão concorrido da indústria cinematográfica. Mesmo assim, com esse relativo fracasso comercial em mãos, o estúdio não desistiu e continuou investindo até encontrar o sucesso tão esperado com a franquia "Shrek", aquela mesmo do ogro verde que caiu nas graças da criançada. Por fim, apesar de tudo, "Titan" ainda conseguiu arrancar três indicações ao Oscar da animação, o Annie Awards. As indicações foram para categorias bem técnicas, nada de espetacular, mas pelo menos serviu como reconhecimento de que pelo menos do ponto de vista técnico o filme era realmente caprichado.

Titan (Titan A.E, Estados Unidos, 2000) Direção: Don Bluth, Gary Goldman / Roteiro: Hans Bauer, Randall McCormick / Elenco: Matt Damon, Nathan Lane, Drew Barrymore, Bill Pullman, John Leguizamo / Sinopse: Um jovem humano, sobrevivente da maior invasão do planeta Terra por uma raça de extraterrestres, tenta superar o trauma da separação de sua família enquanto se envolve numa grande aventura espacial ao lado de seus novos amigos.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 7 de novembro de 2017

A Morte de Luís XIV

Bom filme que reconstitui os últimos momentos de vida do Rei francês Louis XIV, o aclamado "Rei Sol", símbolo máximo do absolutismo europeu, o monarca que disse a frase "O Estado sou Eu!". Pois é, aqui o vemos sendo corroído pela gangrena, enquanto um grupo de médicos tenta fazer algo para salvar sua vida. Tudo em vão, porque a medicina da época ainda era bem rudimentar. Até charlatães surgem na corte para tentar algum "tratamento", fazendo o Rei tomar misturas exóticas como esperma de boi, suor de sapo e outras coisas bizarras. Outro fato que chama a atenção é a exótica coleção de perucas reais, pois nem no leito de morte o monarca abriu mão de seu figurino extremamente exagerado. Afinal ele era o "Rei Sol" e como tal deveria brilhar até o fim de sua vida, mesmo que sua perna estivesse apodrecendo pela doença.

Um aspecto inusitado do ponto de vista histórico é que esse mesmo monarca determinou que sua existência seria extremamente pública, nada de levar uma vida privada em seus aposentos. Assim até para tomar uma colher de canja de galinha ela tinha que ser assistido por membros da corte que como bons puxa-sacos o aplaudiam a cada colherada! Algo muito esquisito para os olhos de uma pessoa de nossos dias, mas que em Versalhes fazia parecer algo comum, do protocolo de comportamento dos nobres que faziam parte da corte Bourbon. Todos os momentos, dos mais simples do cotidiano, eram acompanhados por nobres que o assistiam acordar, escovar os dentes, tomar o café da manhã, o almoço, o jantar, tudo sendo presenciado pela corte que formava uma pequena plateia na frente do Rei.

O filme vai fundo no detalhismo, assim o espectador que estiver disposto a saber mais sobre o leito de morte do rei terá praticamente todos os mínimos acontecimentos explorados, porém de certa forma isso também se torna um problema narrativo, pois o que temos o tempo todo é apenas o Rei agonizando em sua cama, enquanto médicos, parentes e membros do clero tentam alguma solução para salvar sua vida. Praticamente não há cenas externas, tudo se passa dentro do quarto. A beleza do palácio de Versalhes nunca aparece, o que achei algo incômodo, pois era uma forma de retratar a grandiosidade daquele Rei que até hoje é lembrado por seus excessos (foi ele aliás que construiu Versalhes e o transformou no palácio real mais luxuoso e brilhante de toda a Europa). Particularmente gostei, mas sou suspeito em minha opinião, pois adoro história de uma maneira em geral. Não sei se o filme terá apelo para pessoas que não estejam tão interessadas assim naquele período histórico da França do século XVIII.

A Morte de Luís XIV (La mort de Louis XIV, França, 2016)  Direção: Albert Serra / Roteiro: Albert Serra, Thierry Lounas / Elenco: Jean-Pierre Léaud, Patrick d'Assumçao, Marc Susini  / Sinopse: O filme mostra os últimos momentos de vida do Rei Luís XIV. Doente em sua cama, com a gangrena comendo parte de sua perna, o monarca conhecido como o "Rei Sol" tenta sobreviver em meio a toda a riqueza e luxo de sua corte fabulosa. Filme premiado pelo Gaudí Awards e Lumiere Awards.

Pablo Aluísio.

Olhos Famintos 3

O primeiro filme dessa franquia de terror "Jeepers Creepers" até que tinha seu charme. Uma criatura que mais se parecia com um espantalho de plantações de milho, que ganhava vida e saía matando a esmo numa cidadezinha do interior dos Estados Unidos. Era o típico filme de monstro, onde ele era colocado nas sombras, no meio da noite, quase nunca surgindo explicitamente. Isso criava um suspense até bem interessante, mesmo que não fugisse muito do clichê desse tipo de produção. Nesse terceiro filme tudo que era bom no filme original se perde. Colocaram o monstro para atacar em plena luz do dia, se mostrando em demasia, em cenas pouco originais, nada inovadoras. Ele também agora dirige uma velha caminhonete, toda turbinada e cheia de armadilhas mortais. Todos que tentam entrar ou escapar dessa máquina da morte de quatro rodas acaba se dando muito mal.

A produção foi bancada em parte pelo canal Syfy, que diga-se de passagem se especializou nos piores filmes de terror e suspense da atualidade. Basta lembrar daquelas inúmeras produções com tubarões que são uma verdadeira vergonha alheia. Assim nem a presença do diretor e roteirista Victor Salva (que praticamente criou sozinho essa franquia) consegue melhorar as coisas. O saldo é bem negativo. O filme consegue ser pior do que o segundo, que ficava muito resumido ao ataque da criatura a um ônibus escolar. Esse aqui tem uma trama mais diversificada, mas nada que vá salvá-lo da categoria de filme ruim.

Olhos Famintos 3 (Jeepers Creepers 3, Estados Unidos, 2017) Direção: Victor Salva / Roteiro: Victor Salva / Elenco: Stan Shaw, Gabrielle Haugh, Brandon Smith / Sinopse: A cada 23 anos uma estranha criatura alada, proveniente das fossas infernais, volta à Terra, para espalhar terror e morte numa pequena cidade rural do meio oeste americano. Agora está de volta, dirigindo uma verdadeira máquina de terror.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Fragmentado

Fazia tempo que o diretor M. Night Shyamalan estava devendo um bom filme. Finalmente depois de um hiato de falta de criatividade que durou anos, ele surge com algo realmente bom (diria até muito acima da média). Esse filme "Fragmentado" é um dos melhores que vi esse ano. Roteiro bem encaixado e o mais importante de tudo: um verdadeiro show de interpretação do ator James McAvoy. Ele interpreta um sujeito com problemas mentais, que sofre de um distúrbio que o faz desenvolver várias personalidades diferentes. Esse tema já havia sido explorado antes pelo cinema. Basta lembrar do clássico "As Três Faces de Eva", mas agora ganha contornos mais sinistros e sombrios.

Pois bem, ao longo do dia várias personas vão surgindo, desde um delicado jovem e afeminado, que sonha ser estilista, passando por Dennis, um sujeito dominador e obcecado por limpeza, até Patrícia, uma mulher que de certa maneira reflete a própria mãe repressora que ele teve na infância. Kevin (seu nome real) faz tratamento com uma psiquiatra que quer escrever uma tese sobre seu distúrbio e tudo caminha relativamente bem, até que em um surto ele decide cometer um crime, sequestrando e aprisionando três garotas nos porões de um Zoo abandonado. Imagine a aflição das jovens ao ter que lidar com esse sujeito que muda de personalidade várias vezes ao longo do dia. Tudo se torna ainda mais imprevisível e elas precisam acima de tudo sobreviver a esse alucinado jogo mortal.

M. Night Shyamalan não está preocupado em mostrar os detalhes e as nuances desse problema mental de seu protagonista. Faz bem, ao contrário disso ele explora o suspense de um típico produto pop de qualidade. Até abre margem para um elo de ligação com outro filme seu, "Corpo Fechado". Tudo muito bem escrito e elaborado, porém nada disso daria certo se não contasse com um ator inspirado no papel principal. E é justamente isso que James McAvoy prova com sua atuação. Ele está perfeito e dá realmente um show de interpretação, se transformando a cada nova personalidade. Sem dúvida esse é o filme de sua vida, aquele em que ele demonstra todo o seu talento. Imperdível para quem gosta da arte de atuar.

Fragmentado (Split, Estados Unidos, 2016) Direção: M. Night Shyamalan / Roteiro: M. Night Shyamalan / Elenco: James McAvoy, Anya Taylor-Joy, Haley Lu Richardson, Betty Buckley, Brad William Henke / Sinopse: A Dra Karen Fletcher (Betty Buckley) atende todos os dias um paciente que sofre um distúrbio que lhe dá várias personalidades. Agora ela percebe que duas das personalidades estão dominando todas as outras. Dennis e Patrícia são pessoas frias, violentas e com traços de psicopatia. Pior, elas sequestraram três jovens garotas e as mantém como reféns nos poróes abandonados de um Zoo sinistro.

Pablo Aluísio.

Thor: Ragnarok

Muita gente reclamou, muitos não gostaram, mas irei contra a opinião predominante. Eu gostei dessa nova aventura do Thor nos cinemas. Na minha forma de ver esse filme resgata o espírito dos primeiros quadrinhos do personagem, os que foram publicados ainda nos anos 60, assinados por Stan Lee e Jack Kirby. Tudo é colorido, movimentado, priorizando a diversão acima de qualquer outra coisa. Exatamente o que se encontrava nas primeiras edições da Marvel. Nada de conceitos mais elaborados ou de filosofia de botequim. Tudo foi planejado e realizado pensando-se principalmente no público mais jovem, nas crianças, exatamente porque a Marvel sabe que o futuro de sua empresa passa pela formação de uma nova geração de leitores. Os mais velhos torceram o nariz? Ora, o filme não foi feito para eles mesmo.

O enredo é bem simples: a filha mais velha de Odin (Anthony Hopkins), chamada Hela (Cate Blanchett), volta para reivindicar o trono do pai. Ela é a Deusa da Morte, o que significa que está disposta a eliminar qualquer ameaça que surja pela frente. A única força capaz de parar suas ambições seria justamente o Deus do Trovão Thor (Chris Hemsworth), mas ele, por sua vez, está tentado resolver seus próprios problemas, pois foi preso em um estranho planeta, feito gladiador para lutar nas arenas, onde acaba enfrentando, vejam só, o Hulk (Mark Ruffalo)! Parece mesmo estranho, até pueril o enredo, mas foi justamente essa a intenção dos roteiristas. É um roteiro que poderia facilmente ter sido escrito por Stan Lee, com ilustrações de Jack Kirby. O traço desse desenhista aliás foi a fonte de inspiração da direção de arte desse filme, com muitas cores e exageros, típicos dos quadrinhos dos anos 60. Por causa dessa referência histórica e artística, o filme se mantém bem até o final, quando finalmente surge no horizonte o tal  Ragnarok, o apocalipse dos deuses! Tudo muito divertido, leve e saboroso! Em nenhum aspecto achei o filme ruim, muito pelo contrário, ele é mais honesto com o verdadeiro Thor original dos quadrinhos do que qualquer outra produção que tenha sido feita com o personagem. Está tudo muito adequado. Assista e se divirta sem culpas. 

Thor: Ragnarok (Estados Unidos, 2017) Direção: Taika Waititi / Roteiro: Eric Pearson, Craig Kyle, baseados na obra de Stan Lee / Elenco: Chris Hemsworth, Tom Hiddleston, Cate Blanchett, Jeff Goldblum, Mark Ruffalo, Anthony Hopkins, Karl Urban, Tessa Thompson / Sinopse: A primogênita de Odin está de volta. Exilada por milênios nas sombras, a Deusa da morte Hela quer vingança. Sua intenção é assumir o trono do pai em Asgard, mas para que isso aconteça precisará enfrentar os irmãos Thor e Loki.

Pablo Aluísio.

domingo, 5 de novembro de 2017

O Aventureiro: A Maldição da Caixa de Midas

Essa é uma produção inglesa que tenta pegar carona naquele velho filão de aventuras arqueológicas. Basicamente temos um grupo de pessoas que procura colocar as mãos em um artefato que pertenceu ao Rei Midas. Sim, aquele lendário monarca da antiguidade que segundo as lendas transformava tudo o que tocava em ouro! O tal objeto é uma caixa, que se cair em mãos erradas pode trazer riquezas ilimitadas ao seu novo dono, causando com isso inúmeros problemas ao mundo. Como se pode perceber não há nada de muito relevante, a não ser uma tentativa do atual cinema inglês em seguir os passos do americano Indiana Jones, com resultados bem modestos em termos artísticos.

Inegavelmente o filme tem boa produção. Figurinos luxuosos, cenários bem feitos e elenco muito bom, contando inclusive com dois atores que sempre gostei: Michael Sheen e Sam Neill. O problema básico é que mesmo com todo esse luxo a coisa não funciona, ou melhor colocando a questão, não funcionará se você tiver mais de 12 anos de idade. Sim, esse filme é um produto meramente juvenil, bem adequado para crianças e adolescentes, ao estilo das aventuras do Tio Patinhas. Para os mais velhos a coisa toda soará bem banal e sem graça. O roteiro é baseado na obra desse autor inglês contemporâneo chamado G.P. Taylor, que escreve livros para adolescentes. Penso que sua criação ficaria melhor em uma adaptação para os quadrinhos. Para o cinema faltou mesmo maior conteúdo.

O Aventureiro: A Maldição da Caixa de Midas (The Adventurer: The Curse of the Midas Box, Inglaterra, Bélgica, Espanha, 2013) Direção: Jonathan Newman / Roteiro: Christian Taylor, Matthew Huffman / Elenco: Michael Sheen, Lena Headey, Sam Neill, Ioan Gruffudd / Sinopse: Um artefato milenar, a caixa do Rei Midas, passa a ser procurado e disputado por um grupo de pessoas, entre eles o agente do governo Johnny Charity (Michael Sheen) e o vilão Otto Luger (Sam Neill), o milionário dono de um hotel onde supostamente o objeto arqueológico está enterrado há séculos.

Pablo Aluísio.

Amor em Tempos de Guerra

Outro filme que conta com uma bonita produção, belas cenas e fotografia, mas que no geral me deixou com a sensação de ser bem vazio e superficial. Esse "Amor em Tempos de Guerra" conta com um roteiro que parece ter saído daquelas publicações bem românticas e idealizadas como "Sabrina". Na história temos uma jovem americana, muito idealista, que resolve ajudar os mais pobres e humildes. Ela tem formação de enfermeira e aceita o convite de um jovem médico (tão idealista quanto ela) para ir trabalhar como voluntária em um hospital distante e isolado, nas fronteiras da Turquia. A época é o começo do século XX, com a iminência de uma grande guerra começando por toda a Europa (a I Primeira Guerra Mundial), o que tornará tudo ainda mais difícil e complicado.

A mocinha cheia de boas intenções é interpretada pela atriz islandesa Hera Hilmar. Não a conhecia, acredito que nunca assisti nenhum filme com ela. A garota é bonita, mas ao mesmo tempo tem um jeito de ser chatinha, enfadonha. Sua expressão é a mesma daquela menina que exagerou no chocolate e ficou com o rosto inchado, passando um pouco mal. A sua paixão no filme, que dá título original ao filme (o tal tenente otomano) é feito por Michiel Huisman, outro que não conhecia. É bem improvável que um muçulmano fosse se apaixonar por uma cristã naquela época, mas tudo bem, a gente releva esse tropeço histórico e cultural do roteiro. O médico que a leva para o meio do nada é interpretado por Josh Hartnett, o lobisomem da série "Penny Dreadfull". No final das contas o único ator com maior nome é Ben Kingsley. Ele está no filme dando vida a um médico veterano, já cansado pelos anos, com pouco esperança que as coisas um dia vão melhorar. Em minha opinião o filme poderia ter explorado mais o massacre dos armênios cristãos pelos otomanos muçulmanos, mas a verdade é que o filme não está muito preocupado com esse tipo de coisa, ele só quer mesmo contar uma história de amor.

Amor em Tempos de Guerra (The Ottoman Lieutenant, Estados Unidos, Bélgica, 2017) Direção: Joseph Ruben / Roteiro: Jeff Stockwell / Elenco: Hera Hilmar, Josh Hartnett, Ben Kingsley, Michiel Huisman / Sinopse: Jovem enfermeira idealista decide ir trabalhar em um hospital distante e isolado na Turquia e acaba se apaixonando por um tenente muçulmano do exército otomano, bem nas vésperas do começo da I Grande Guerra Mundial.

Pablo Aluísio.

sábado, 4 de novembro de 2017

Em Ritmo de Fuga

"Em Ritmo de Fuga" é um daqueles filmes de assaltos a bancos. O protagonista é um jovem conhecido apenas como "Baby Driver". Ele tem dívidas a pagar com um figurão do mundo do crime e por isso precisa dirigir durante os assaltos. O garoto tem uma habilidade incomum no volante, o que o torna uma peça chave durante os crimes, pois na fuga o que mais importa é de ter um ás na direção, para despistar a polícia e a imprensa (sempre às voltas com helicópteros de transmissão nas fugas pelas ruas das grandes cidades). O tal de "Baby Driver" tem problemas de audição, um zumbido persistente nos seus ouvidos, fruto de um acidente de carro na infância. Para driblar essa situação (que é enervante e penosa), ele ouve música constantemente. Muito na dele, bastante cool e calado, o cara é meio estranho, mas faz seu "serviço" com maestria. Só que nem tudo vai continuar saindo tão bem, principalmente depois que "Baby Driver" se apaixona por uma garçonete, uma garota muito bacana que ele fica extremamente afim. Para um cara que vive no meio do crime isso pode ser visto como uma fraqueza, mas ele é apenas um jovem e jovens se apaixonam a todo tempo.

O personagem principal "Baby Driver" é interpretado por Ansel Elgort, ator adolescente que virou ídolo teen no sucesso juvenil "A Culpa é das Estrelas". Ele fazia o carinha que estava morrendo e que se apaixonava por Shailene Woodley. É uma tentativa de Hollywood em criar um novo ídolo do cinema, principalmente entre as colegiais. Vai colar? Só o tempo dirá, porém particularmente acho bem improvável de acontecer. Em termos de elenco o melhor vem dos coadjuvantes, não apenas pela presença de Kevin Spacey, como também de Jon Hamm e Jamie Foxx, todos interpretando membros da quadrilha. Hamm, de "Mad Men" está aos poucos entrando no mundo do cinema e Foxx, velho conhecido, é um dos destaques do filme por causa de seu personagem, um sujeito insano. Então é isso, um filme de assaltos a bancos, feito para o público juvenil. Nada demais, nada marcante, mas que com um pouquinho de boa vontade até diverte!

Em Ritmo de Fuga (Baby Driver, Estados Unidos, 2017) Direção: Edgar Wright / Roteiro: Edgar Wright / Elenco: Ansel Elgort, Jon Hamm, Kevin Spacey, Jamie Foxx, Eiza González, Lily James / Sinopse: Quadrilha de assaltantes de bancos conta com um excelente piloto, um ás do volante, que sempre consegue despistar os tiras durante as fugas alucinadas pelas ruas da cidade. Conhecido apenas como "Baby Driver" ele parece cool e tranquilo, mas na hora em que é necessário mostra toda a sua destreza como motorista de fuga.

Pablo Aluísio.

15 Minutos

Nos anos 70 ter o nome de Robert De Niro em um poster de filme era sinônimo de grande filme sendo exibido. O tempo passou... e bem, isso deixou de ter importância. Principalmente a partir dos anos 90 De Niro começou a fazer uma incrível sucessão de filmes fracos, alguns descartáveis e outros ainda constrangedores. Esse "15 Minutos" se enquadra na categoria de descartável. Lançado diretamente nas locadoras de vídeo no Brasil na época era aquele tipo de fita policial facilmente esquecível, um genérico sem graça de um estilo que havia gerado excelentes filmes na década anterior. Agora tudo parecia mera lembrança, sombra do que um dia foi.

A trama também não ajuda. Tudo começa quando o tira interpretado por De Niro vai investigar dois corpos encontrados em uma casa que foi incendiada. Supostamente aquelas pessoas teriam sido mortas pelo fogo, mas depois descobre-se que elas foram assassinadas, com o incêndio servindo apenas para destruir provas e pistas do crime. E assim o filme segue, com pequenas reviravoltas, envolvendo inclusive dois estrangeiros que estariam ligados às mortes. Nada muito inspirador ou memorável. Para falar a verdade 15 minutos após assistir ao filme você acaba mesmo esquecendo de tudo o que viu. Cinema fast food descartável e esquecível de pouco valor artístico. Melhor esquecer mesmo.

15 Minutos (15 Minutes, Estados Unidos, 2001) Direção: John Herzfeld / Roteiro: John Herzfeld / Elenco: Robert De Niro, Edward Burns, Vera Farmiga, Charlize Theron, Kelsey Grammer / Sinopse: Robert De Niro interpreta um policial de Nova Iorque que passa a investigar o assassinato de duas pessoas desconhecidas, encontradas em uma cena de incêndio. Inicialmente pensa-se que foram mortas pelas chamas do fogo, mas depois descobre-se que tudo não passou de uma cortina de fumaça para esconder as provas do crime, do duplo assassinato. Filme indicado ao World Stunt Awards, o Oscar dos dublês. 

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

O Castelo de Vidro

Gostei bastante desse filme. O roteiro é baseado nas memórias da jornalista americana Jeanette Walls que após a morte do pai resolveu escrever um livro sobre ele. Definitivamente não era um sujeito convencional. Sempre mudando de emprego e de cidade, pai de uma família com quatro filhos, ele tentou de tudo para sobreviver, nem sempre sendo bem sucedido em seus planos. Era um homem inteligente, cheio de sonhos, mas também com problemas de alcoolismo. E como bem sabemos em situações assim os filhos é que acabam sofrendo mais. É um drama com pitadas de nostalgia, mas também de melancolia, tristeza e superação.

Vi semelhanças com outro filme de temática parecida, "Capitão Fantástico", estrelado pelo ator Viggo Mortensen, Tal como esse aqui, temos também a história de um pai de família nada comum, que procurava fugir das tais amarras da sociedade, tentando passar para os filhos uma educação diferente, ensinando a eles um outro modo ou estilo de viver. Claro que mais cedo ou mais tarde as regras da sociedade acabam esmagando suas boas intenções, porém até isso acontecer eles tentam viver de uma maneira mais livre, com mais liberdade. O pai de "O Castelo de Vidro" é interpretado por Woody Harrelson, um ator cujo trabalho sempre gostei bastante. Aqui ele repete mais uma boa atuação, só falhando um pouco por causa da maquiagem pouco convincente em uma fase mais avançada da vida. Aliás falando abertamente não há maquiagem alguma, o que traz uma certa estranheza ao ver Woody com a mesma aparência, mesmo tendo passado décadas na vida de seu personagem. 

O tal castelo de vidro do título do livro original (e do filme) é um plano de seu pai em construir uma bela casa, toda com paredes de vidro, no alto da montanha. Uma espécie de sonho que trazia esperanças para toda a família, mas que efetivamente nunca saiu do papel. A jornalista usou assim esse castelo como uma metáfora da própria vida de seu pai, que era cheia de sonhos, mas com poucos resultados práticos na vida real.  Nos momentos finais do filme temos cenas das pessoas reais da família, algumas comentando a personalidade sui generis de seu pai. Então é isso, um bom drama familiar sobre uma família que de normal e comum não tinha nada. Um bom exercício de nostalgia e reencontro com o próprio passado. 

O Castelo de Vidro (The Glass Castle, Estados Unidos, 2017) Direção: Destin Daniel Cretton / Roteiro: Destin Daniel Cretton, Andrew Lanham, baseados no livro de memórias da jornalista Jeannette Walls / Elenco: Brie Larson, Woody Harrelson, Naomi Watts, Sarah Snook / Sinopse: O filme conta a história de Rex Walls (Woody Harrelson), um homem que tinha muitos planos e sonhos em sua vida, tudo contado sob os olhos de sua filha Jeannette. Drama familiar baseado em fatos reais.

Pablo Aluísio.

A Bruxa de Blair 2

Título no Brasil: A Bruxa de Blair 2 - O Livro das Sombras
Título Original: Book of Shadows - Blair Witch 2
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio: Artisan Entertainment
Direção: Joe Berlinger
Roteiro: Joe Berlinger, Dick Beebe
Elenco: Jeffrey Donovan, Stephen Barker Turner, Erica Leerhsen, Lanny Flaherty, Lynda Millard

Sinopse:
Um grupo de turistas decide visitar a região de Burkittsville, no Maryland, onde se passou a história do primeiro filme "A Bruxa de Blair". Todos querem conhecer o lugar. Todos são fãs do filme original e estão dispostos a seguir pela mesma trilha dos jovens que desapareceram na floresta.

Comentários:
Continuação do grande sucesso "A Bruxa de Blair" de 1999. A diferença principal é que o estúdio nessa sequência resolveu abandonar o estilo de falso documentário, que havia marcado tanto o primeiro filme. Ao invés disso investiram em um modelo bem mais convencional, beirando o maçante. Nem preciso dizer que o filme foi impiedosamente malhado pela crítica em seu lançamento, o que sempre considerei bem exagerado. Ok, não se trata de um filme bom ou acima da média, nada disso, porém não é tão ruim como foi dito. Tem até um uso interessante de metalinguagem, quando encontramos pessoas que viram o primeiro filme dentro desse segundo filme. Não deixa de ser algo curioso. De qualquer maneira, pela má recepção do público americano, o filme acabou sendo lançado diretamente no mercado de vídeo no Brasil. Por essa razão se tornou muito pouco conhecido por aqui, a não ser por aqueles grupinhos de fãs de terror que obviamente resolveram conferir. Então é isso, "Bruxa de Blair 2" nem precisava existir de tão dispensável que foi, porém já que foi produzido não custou nada ver por mera curiosidade. Nunca entrará em nenhuma lista de boas continuações, mas tampouco aborrece muito. Dá para ver em uma madrugada sem nada mais de interessante para se assistir.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

A Luz Entre Oceanos

Um veterano da I Guerra Mundial, cansado de tudo, do que viu nos campos de batalha, resolve se isolar. Para isso nada melhor do que ir trabalhar no farol de uma ilha distante, onde apenas ele irá viver. No começo tudo dá certo, ele até mesmo se envolve com uma garota que mora numa cidade do continente e se casa com ela. Após dois abortos a esposa começa a literalmente surtar pelo isolamento e solidão e quando um barco chega à deriva na costa, trazendo um homem morto e um bebê sobrevivente, ela decide ficar com a criança como se fosse sua filha. O problema é que seu marido acaba descobrindo quem seria a verdadeira mãe da menina, trazendo um grande conflito ético para si.

Esse "A Luz Entre Oceanos" tem um roteiro realmente muito bom. Tudo vai se armando para no final surgir o grande problema pessoal de natureza ética para o personagem de Tom Sherbourne (Michael Fassbender). Quando o bebê surgiu vivo, à deriva no barco, na costa da ilha, ele decidiu tomar a decisão certa, avisando as autoridades locais, só que sua esposa Isabel (Alicia Vikander), arrasada por dois abortos, quis desesperadamente ficar com a criança. Para sua desgraça pessoal acabou cedendo aos desejos da mulher. Só depois descobre-se que a menina de cabelos loiros era mesmo a filha desaparecida de Hannah Roennfeldt (Rachel Weisz). Assim o argumento vai pela resolução da questão: entregar a filha para a verdadeira mãe ou deixá-la com sua esposa, que cria a menina como se fosse sua filha?

Um aspecto curioso é que a ilha onde está o farol é praticamente um personagem dentro da trama. Isolada, com uma costa linda, o lugar acaba servindo de palco para o desenrolar dos acontecimentos. Chamada de Janus, em homenagem ao deus da mitologia com duas faces, o lugar fica bem no meio de dois oceanos. Esse mesmo deus deu origem ao nome do mês de janeiro, justamente por ter dois rostos, um olhando para o ano que nasce e outro para o ano que se vai. O mesmo vale para a dualidade da situação central do roteiro, com uma filha sendo disputada por duas mulheres, a mãe real e a mãe que a salvou e a adotou. Um drama de época muito interessante, com uma excelente cena final. Recomendo sem reservas.

A Luz Entre Oceanos (The Light Between Oceans, Inglaterra, Estados Unidos, Nova Zelândia, 2016) Direção: Derek Cianfrance / Roteiro: Derek Cianfrance, baseado no romance escrito por M.L. Stedman / Elenco: Michael Fassbender, Alicia Vikander, Rachel Weisz / Sinopse: Uma criança, resgatada em um barco à deriva na costa de uma ilha isolada, é adotada informalmente pela esposa do faroleiro. Quando esse descobre a verdadeira identidade da mãe se cria uma situação delicada, envolvendo conflitos éticos e familiares. Filme indicado ao Leão de Ouro no Venice Film Festival na categoria de Melhor Filme.

Pablo Aluísio.

A Corrente do Bem

Título no Brasil: A Corrente do Bem
Título Original: Pay It Forward
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Mimi Leder
Roteiro: Catherine Ryan Hyde, Leslie Dixon
Elenco: Kevin Spacey, Haley Joel Osment, Helen Hunt, Jim Caviezel, Angie Dickinson, Jon Bon Jovi

Sinopse:
Um professor de high School (o equivalente ao ensino médio no Brasil) encoraja seus alunos a tornarem o mundo um lugar melhor, criando uma corrente de bons atos, boas intenções e atitudes, uma verdadeira corrente do bem. Filme premiado pelo Young Artist Awards na categoria de Melhor ator juvenil (Haley Joel Osment).

Comentários:
Sempre achei meio bobinho, com mensagem de boas intenções de botequim ou de livros de auto ajuda, daqueles bem clichês. Nada especial ou muito inteligente, só meio piegas mesmo. De qualquer maneira a coisa só piorou com o tempo, principalmente agora que o ator Kevin Spacey foi denunciado por assediar um ator de apenas 14 anos de idade, o que nos Estados Unidos é uma acusação bem séria de se enfrentar (e que dá cadeia, inclusive). Para escapar da fama de pedófilo o Spacey precisou sair do armário, dizendo que era gay, algo que enfureceu o movimento GLSBT americano, já que de forma subliminar envolveu homossexualidade com pedofilia. O mar definitivamente não está para peixe na vida dele. E nesse filme aqui o Kevin Spacey interpretava justamente um professor muito bem intencionado que se relacionava (no sentido certo da palavra) com jovens e adolescentes. É um filme que nasceu para passar na Sessão da Tarde pela eternidade e que agora corre o sério risco de virar uma piada de humor negro involuntária contada pelo destino! Quem diria...Ah e antes que me esqueça: o elenco de apoio tem desde a diva do cinema clássico Angie Dickinson, passando pelo "Jesus" Jim Caviezel, indo parar no rei do rock farofa, Bon Jovi. Uma salada ao estilo mistureba para todos os gostos.

Pablo Aluísio.